terça-feira, 5 de abril de 2016

O público na privada

Lula não é flor que se cheire. Mostrou bem isso no caso Waldomiro Diniz, em 2002, quando o então presidente da Loterj aparecia extorquindo o bicheiro Carlinhos Cachoeira para o PT e o PSB. Era o estopim do mensalão. Quem se lembra do chavão que iria concretar? "Fui traído".

Dilma, agora um fantasma vagando pelas salas do Alvorada, devia saber bem disso quando aceitou ser poste por transbordamento de ego. Entrar para a História, quando foi figura inexpressiva na luta contra a ditadura, seria o máximo. Foi um desastre. Bateu todos os recordes negativos entre os presidentes, sucateou a maior empresa do país, colocou outras grandes empreiteiras nas cordas, e deixou todos com a corda no pescoço. Perda total para ela e um terreno minado para o país.

Lula não vai deixar por menos, enquanto puder. Prepara o troco ou a volta por cima dos despojos de Dilma. Teria conversado com o vice Temer sobre a "Nova Direção" com a bandeira de "Ponte para o futuro", que deve reunir as forças para a complementação do restante da governança. Se for para o bem da própria família e de sua cabeça, entrega anéis e dedos. Vira ficha limpa em um passe de mágica, com aval judiciário, e embala a sigla em papel celofane.

Quem sabe consiga até emplacar as "eleições" micareta, no meio do ano, o que já vem defendido por uns e outros aloprados como Marina Silva, que aparece para dar pitaco pró-PT. Seria a chance, segundo alguns, de recolocar Lula nos trilhos para outra reeleição. Sobre o túmulo do governo Dilma, reinaria como o libertador Simão Bolívar, quiçá..

Antes vai pintar e bordar enquanto estiver solto e as hostes mercenárias atenderem seu comando. Mesmo muito chamuscado, sem a mesma força do velho PT, está disposto a fazer estragos por todo lado. Nada que fizer deve ter efeito maior que bagunçar a casa já arrombada pela bandidagem. Mas será nefasto para o país por muitos anos. Não só recuperar a economia como a normalidade do ambiente político e o crédito dos poderes, hoje solapados por quem tudo pode sem prestar contas na terra.

Levar ao extremo essa maracutaia para garantir a permanência no poder resultou neste ciclone político varrendo o país não como vassoura para tirar a sujeira, mas como ventilador a misturar alhos e bugalhos. Nessa fossa generalizada, o PT nada como peixe na água, questão de DNA. Não à toa, reúne um ministério brancaleone, liderado pela sigla que mais reúne corruptos por metro quadrado. É essa a gangue que deverá enfrentar o impeachment dentro do governo, no comando de ministérios e estatais. O tempo será juiz deles com tanto processo em andamento e outros que surgirão para prestarem contas.

O fim do califado petista é determinante para por um freio no protecionismo político, sob capas como governo de coalizão, base aliada e outras arapucas. Não se quer acabar com o partido, que enquanto partido, não quadrilha, defendeu projetos de interesse e tinha propostas sérias. A canalha subverteu as metas de interesse do povo para interesse particular. Só podia dar no que deu.

O que está em jogo é a geral assepsia partidária para que a seriedade dos programas não seja corrompida pela ganância dos medíocres. E nisso tem que se concentrar cada um, independente de simpatias. Há que se cobrar seriamente, sem cafajestada, cada passo político no país. E nisso está indubitavelmente colocar o público acima do privado ou, na maioria dos casos, da privada.

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