É dessa forma que prefiro pensar no ex-presidente Lula: um bom avô que o Brasil um dia teve e que inspirou milhões de pessoas, convencidas da possibilidade de reformas estruturais na sociedade. Hoje, no entanto, transformou-se em um homem perdido, de discursos desatinados, de atos obscenos e que não mais reconhecemos. Como um rato (ou seria uma jararaca?) encurralado, com medo de ser preso, assume seus valores degenerados, ataca a sociedade, ofende o bom senso e debocha da decência.
Logo cedo, na escola, conhecemos Macunaíma, personagem da obra-prima do escritor brasileiro Mário de Andrade. Então, entendemos a natureza de um herói sem nenhum caráter: é mentiroso, traidor, briguento, preguiçoso. Demonstra acolher todo mundo, mas também rouba e trapaceia sem remorso. É nisso que penso enquanto acompanho as tentativas de Lula para assumir o comando da Casa Civil, em um golpe desesperado para se manter no poder.
Assim como o avô de quem guardamos apenas as boas lembranças, eu gostaria de, um dia, preservar em minha memória a imagem do homem que produziu esperança para um povo. É certo que gente se alimenta não só de comida e bens de consumo, mas também de educação, cultura e desenvolvimento. Não quero, porém, entrar nesse mérito. Houve uma mudança e, por isso, ele merece seu espaço na história.
Porém, um velho homem acometido pela senilidade indica o fim da vida, seja ele real ou simbólico. E a morte tem um dom: o de expurgar os defeitos e, com poucas exceções, perdoar na Terra aquilo que os homens fizeram. Até que, aos poucos, aquela imagem tão familiar vai desaparecendo de nosso coração e de nossas mentes.
“Escreve na pedra aquilo que lhe fazem de bem, e na areia aquilo que lhe fazem de mal”, como diz o ditado. Porque o que há de mal o vento vem e leva. E o vento há de soprar.
Francisco Balestrin
Nenhum comentário:
Postar um comentário