sexta-feira, 11 de março de 2016

Lula poderia ser tão importante quanto Mandela, mas a ambição...


Foi a primeira vez que um país realmente importante colocou um operário no poder, um líder metalúrgico de pouca instrução, que reconhecera jamais ter lido um livro, mas possuía um carisma arrebatador, uma intuição política invejável e uma sorte de ganhador de loteria. Não importa que tenha sido aliado do regime militar, que o apadrinhou e lançou para a glória, como massa de manobra para enfraquecer Leonel Brizola, que era um político de expressão, considerado pelos militares como a maior ameaça ao “Sistema” – denominação que designava o esquema detentor do poder no país, que aceitou devolver o governo aos os civis, desde que mantivessem a situação herdada dos militares. Era a abertura lenta e gradual, no rumo da democracia plena, mas bem devagar.

No caso de Lula, o mais importante é que ele depois conseguiu chegar sozinho ao poder e se deixou monitorar pelo economista conservador Henrique Meirelles , para fazer um governo consagrador, que colocaria o Brasil como a sexta economia mundial, com crescimento de 7,5% no PIB em 2010, último ano de sua segunda gestão. Um desempenho realmente notável, não há como desconhecer esta realidade.

Seu prestígio internacional era impressionante. Roubava a cena nas reuniões de cúpula, o Brasil passou a ser um dos líderes do G-20 e do BRICS, o grupo dos chamados países emergentes.

As universidades estrangeiras o homenageavam, uma atrás da outra, Lula tornou-se um dos políticos mais conhecidos do mundo. Se tivesse se comportado como o líder sul-africano Nelson Mandela, teria seu nome inscrito para sempre como um dos maiores políticos da História Contemporânea, vejam a que ponto estava chegando a trajetória do ex-metalúrgico brasileiro.

Mas acontece que Lula é um herói de pés de barro, como se dizia antigamente. Ao invés de se mirar no exemplo de Mandela, que nem reeleição aceitou, Lula se deixou levar pela embriaguez do poder. Não quis voltar à vida simples de antes, passou a se comportar como as elites que ele tanto criticava. De repente, não era mais o Lula. Havia se transformado em mais um novo rico, cercado de luxo, orgulho e arrogância, andando de jatinho para cima e para baixo, num comportamento deletério que contaminou toda a família e levou os filhos pelo mesmo caminho.

O orgulho e a arrogância – como sempre – deram em nada. Não adianta mais Lula dizer que foi o maior governante deste país nem se classificar como a alma viva mais honesta, isso apenas mostra que a soberba continua instalada em sua personalidade.

Lula era rico e não percebia, tinha conquistado tudo o que podia, mas ainda continuava insatisfeito. Tinha de viver como milionário. Mas sua declaração de renda não o permitia. Como explicar a compra simultânea do triplex, do sítio e da cobertura ao lado em São Bernardo? Quanto os federais entraram na residência de Lula, se surpreenderam porque uma parede tinha sido derrubada e as duas coberturas se comunicam internamente.

E a família Lula ainda ocupa um terceiro apartamento no mesmo prédio, onde fica instalada a equipe federal de segurança que acompanha permanentemente a família, e os jornais ainda não se interessaram em saber quem é o dono de mais este imóvel. Será o primo do Bumlai? Ou o advogado e compadre Roberto Teixeira, sempre pronto a ajudar o amigo?

O grande político brasileiro Lula não existe mais. A força-tarefa da Lava Jato reuniu tantas provas sobre o enriquecimento ilícito da família Lula da Silva que não há advogado que dê jeito. Já foram contratados três escritórios – em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Curitiba. Mas contra fatos concretos não há argumentos jurídicos que consigam reverter a condenação.

Dilma Rousseff segue o mesmo caminho. A delação premiada da Andrade Gutierrez apresenta provas materiais de utilização de recursos ilegais na campanha de 2014, e a cassação da chapa com Michel Temer tornou-se inexorável, apenas questão de tempo. Dilma finge que governa e a gente finge que acredita. E la nave va, cada vez mais fellinianamente.

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