domingo, 20 de março de 2016

Cinco perguntas e respostas sobre a crise

Por que Lula virou ministro de Dilma?

Para escapar de ser preso pelo juiz Sérgio Moro, a quem caberia conceder ou não o pedido de prisão de Lula feito pelo Ministério Público de São Paulo. Ali, Lula é investigado por ocultação de patrimônio e lavagem de dinheiro. Dilma e o PT construíram a narrativa de que Lula voltou ao governo para ajudá-lo a salvar o país da crise, e a derrotar o impeachment. A narrativa é falsa. A volta de Lula acabou servindo para pôr a Lava-Jato dentro do Palácio do Planalto, e acirrar os ânimos no país. Para o governo, está sendo péssimo.

Dilma tem chances de derrotar o impeachment?

Tem, embora elas diminuam a cada dia. Para aprovar o impeachment na Câmara dos Deputados serão necessários 342 votos de um total de 503. Haverá votos de sobra para aprovar ou rejeitar o impeachment. Jamais será uma votação apertada. Ela refletirá, no dia em que acontecer, o humor dos brasileiros e a situação do país e do governo. A Câmara corre para votar o impeachment dentro de 45 a 60 dias. Se aprovado na Câmara, dificilmente será rejeitado pelo Senado.

Michel Temer substituirá Dilma em caso de impeachment?


É o que está previsto na Constituição. É o que deverá ocorrer. Mas não é obrigatoriamente o que ocorrerá. Temer foi citado na delação do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), que lhe atribuiu a responsabilidade pela indicação de um diretor da Petrobras, preso e acusado de corrupção. Temer respondeu que não indicou ninguém para a Petrobras. Se a denúncia feita por Delcídio ficar por isso mesmo, tudo bem para Temer. Se não ficar, o processo de impeachment de Dilma se estenderá por muitos meses à procura de uma solução.

Se Dilma cair, qual será o futuro dela, de Lula e do PT?

Não haverá futuro político para Dilma. Do anonimato ela saiu, ao anonimato voltará. Lula sempre terá algum futuro político, a não ser que acabe preso e condenado, uma vez provadas as denúncias que o atingem. Mesmo que não seja, porém, será remota a candidatura dele a presidente em 2018. A imagem de Lula sofreu um duro golpe com as investigações da Lava-Jato, e com o a revelação do conteúdo de conversas dele ao telefone. Imagine o uso que se fará desses grampos nas eleições deste ano e nas próximas. Quanto ao PT: ou aproveita a crise moral que o abateu para se reinventar ou afundará, simplesmente.

E o futuro da política brasileira?


Pouco mudou na Itália com a Operação Mãos-Limpas. É cedo para saber se a política entre nós mudará pouco ou muito com a Lava-Jato. O provável é que mude um pouco. Por exemplo: aumentará o cuidado dos políticos com o telefone. E eles terão ainda mais cuidado ao roubar. Os brasileiros elegerão o próximo presidente sob o signo do nojo à política e aos políticos. Isso não será bom. E poderá dar ensejo à eleição de um aventureiro que se apresente como a-político, disposto a “mudar tudo o que está aí”. Em 1989, Fernando Collor se elegeu assim.
Povo, perguntas (Foto: Arquivo Google)

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