Jogar todo o cacife da Petrobras no pré-sal, que se viabilizaria apenas num cenário de preços crescentes do barril de petróleo, mais que atender o interesse nacional, atendia o interesse de um esquema que hoje se revela como “petrolão”.
Aumentar estupidamente os custos da máquina estatal, como se impostos e contribuições para sustentá-los caíssem de graça do céu, criou um ralo colossal nas contas públicas, penalizando diretamente a capacidade de desenvolvimento da economia. Pior, adicionando uma burocracia marcada de corrupção de toda espécie num quadro de selva de complicações.
Deixar que as rédeas do poder ficassem em mãos de setores eminentemente especulativos e predatórios gerou imensos privilégios a eles. Aniquilou a credibilidade da economia brasileira, pois as rédeas nas mãos de especuladores incentivam a gangorra econômica, provocam variações abruptas, e delas vem o lucro do especulador. Assim se deu neste ano com uma variação do dólar em mais de 40% em apenas seis meses, ainda com um aumento de 50% dos juros.
Quer dizer que os últimos seis meses, os mais terríveis para a indústria e setores produtivos, foram os seis meses em que bancos acumularam os maiores lucros na história dos últimos 500 anos.
Dizer que isso foi por acaso é uma estupidez, medidas tomadas de costas para quem produz, emprega e arrecada são um crime. As medidas preservaram e engordaram os carrapatos e bernes e prostraram a vaca que dá leite.
Esse tipo de desgraça, normal num país que ainda não se libertou do patrimonialismo, tem um custo que vai muito além do momentâneo. Distorce a estrutura da economia local, privilegiando a especulação e prejudicando gravemente o que tem de bom no país. Surge como exemplo deseducador para as novas gerações.
O empreendedor, aquele que junta e apara as tábuas da canoa, e a coloca para navegar embarcando empregos e ciclos virtuosos, neste país faz papel de bobo, de otário. Submetido à sangria de taxas, impostos, de burocracias que no Brasil chegam a ser as mais caras, imbecis e desregradas do planeta, nunca terá vez. E isso se comprova no fechamento de centenas de empresas que acreditaram ter um mínimo de amparo pelo Estado.
Hoje, para empreender, depende-se de dezenas de órgãos de controle, de autorizações, de licenças, cada vez mais complicadas, caras e insuportáveis. De fiscalizações que têm seu principal foco em punir e multar, para aumentar a arrecadação, nunca em orientar, ajudar e fomentar as atividades. Por mais difíceis que sejam, as atividades precisam passar por tribunais de exceção, de tiranetes que podem engessar por anos um empreendimento e assim matá-lo junto com os empregos e os efeitos benfazejos.
Este é um Brasil do qual muita gente quer desembarcar.
Vittorio Medioli
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