De acordo com o Ministério da Saúde, o meu gato de 1 ano poderia receber, ao longo de cinco dias, 6 comprimidos de Difostato de Cloroquina 500 mg; 12 comprimidos de Hidroxicloroquina 200 mg; 1 comprimido diário de Ivermectina 6mg; 5 comprimidos de Azitromicina 500 mg; 10 comprimidos de Doxiciclina 100 mg; ou ainda 14 comprimidos de sulfato de zinco por 7 dias.
Um detalhe importante: na parte em que devo indicar se o paciente possui alguma comorbidade, marquei que ele possui insuficiência cardíaca. De acordo com análises médicas, a cloroquina e hidroxicloroquina, usados contra a malária, pode afetar os batimentos do coração. Mesmo sabendo desse risco, o algoritmo da plataforma do Governo Federal indica os medicamentos.
O TrateCov não chega a pedir o CPF do paciente, mas indica um espaço para que o profissional da saúde preencha seus dados e coloque seu CRM. A plataforma é “um ambiente de simulação” que provisoriamente está “disponível, exclusivamente, para médicos e enfermeiros que atuam na Secretaria de Saúde do Município de Manaus, na Secretaria Estadual de Saúde do Amazonas e Hospitais privados do Município de Manaus”, conforme está descrito.
Diante da repercussão negativa, o site foi atualizado nesta quarta-feira com a seguinte descrição: “O Ministério da Saúde esclarece que o TrateCov orienta opções terapêuticas disponíveis na literatura científica atualizada e oferece total autonomia para que o profissional médico decida o melhor tratamento para o paciente, de acordo com cada caso”, afirma. “A pasta também esclarece que a lista de medicamentos sugeridos na plataforma pode sofrer alterações de acordo com os estudos científicos em andamento”, explica. Também afirma que a plataforma é “uma ferramenta criada para auxiliar médicos na coleta de sintomas e sinais na presença dos pacientes, desenvolvida para uso exclusivo e facultativo de médicos cadastrados”. E conclui dizendo que “o diagnóstico e o tratamento sugerido pela plataforma sem a avaliação clínica pelo médico habilitado não possuem validade e não substituem o diagnóstico clínico realizado pelo profissional”.
Pazuello lançou a plataforma no dia 14 de janeiro, em meio a uma crise sem precedentes na capital amazonense, com pacientes internados com covid-19 morrendo asfixiados por causa da falta de oxigênio. Dias antes, o ministro havia estado na capital do Amazonas e afirmou que o “tratamento precoce” era um pilar de sua gestão. E deu a entender que o colapso no sistema sanitário da cidade poderia ter sido evitado se esse protocolo tivesse sido seguido.
Porém, depois que Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) afirmou no último domingo que não existem tratamentos contra a covid-19 que não seja a prevenção pela vacina, Pazuello vem repetindo reiteradas vezes que sua pasta nunca indicou nenhuma forma de tratamento precoce. Ele vem falando agora em “atendimento precoce”. O TrateCov mostra que o ministro mente. Segundo os números oficiais, a pandemia já matou mais de 212.000 pessoas no Brasil. Recentemente, o país voltou a registrar mais de mil mortes diárias provocadas pela doença. Nesta quarta-feira, foram 1340.
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