Mas os dois fatos mostram um absurdo ético e político. Mesmo que o custo do luxo dos ministros seja insignificante em comparação com as necessidades das universidades, os dois fatos juntos mostram uma falência mais grave do que a fiscal: a falência do Estado no uso dos recursos públicos. Não importa qual dos três poderes vai gastar este dinheiro, ele sai da mesma fonte: os impostos pagos pelo povo brasileiro. Se estão atribuídos a rubricas diferentes, elas podem mudar, tanto quanto é possível fazer contingenciamento na rubrica para a universidade.
Em qualquer momento, gastar dinheiro público com ostentação, seja arquitetônica seja gastronômica, é indecente, mas em momento de crise fiscal que exige reduzir gastos com educação, além da imoralidade é uma estupidez porque desmoraliza as forças encarregadas de zelar pelo interesse público, tirando delas a legitimidade que necessitam para funcionarem na democracia.
Há exatamente 230 anos, na França, um governo atravessou situação parecida, faltava pão para o povo e a rainha comia bolo, entendendo que os gastos na Corte nada tinham a ver com os gastos nas ruas. Três anos depois ela foi levada pelas ruas em uma carroça até onde havia uma guilhotina.
Felizmente estamos em uma democracia e talvez os três poderes dialoguem para saber se falta ou sobra dinheiro, e se faltar que reduzam o luxo e salvem o ensino.
Cristovam Buarque
Felizmente estamos em uma democracia e talvez os três poderes dialoguem para saber se falta ou sobra dinheiro, e se faltar que reduzam o luxo e salvem o ensino.
Cristovam Buarque
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