Deixar para depois parece ser mania em um país que não se importa em conviver com a incerteza causada pela nossa já tradicional e esperada tibieza em cada passo. Dependendo de quem assiste de onde assiste, e do porque assiste, a situação varia do trágico ao cômico, passando, claro, pelo incompreensível e frequentemente parando no inaceitável.
Vá entender tudo isso. E reze para jamais precisar explicar. Já sabíamos que papel aceita tudo. A novidade é que nossos ouvidos, cada vez mais complacentes, já não rejeitam a falta de logica ou se ofendem com a sinuosidade de raciocínios sem sentido. Já não conseguimos distinguir circo de hospício. E isto é grave.
É gravíssima a confusão de conceitos que a gente insiste em tolerar. Especialmente a deturpação do uso de instrumentos criados para promover justiça social e agora condenados a proteger culpados e procrastinar processos.
Direito de defesa é base da democracia e do estado de direito. Todos têm direito a ele. Para isso existem regras, leis, pesos e contrapesos. Ate ai tudo bem. É o império da lei. E leis, existem para proteger a cidadania.
Mas chicana é coisa diferente. E, hoje em dia, chicana é o único, mas muito eficaz remédio utilizado na defesa de personagens cuja culpa que, por tão obvia, de tão evidente, já não mais carece de comprovação.
Parece não haver mesmo pecado do lado de baixo do equador. E, na ausência de pecado, aparentemente vale tudo entre os trópicos. É nesta região do mundo em que a justiça não anda. Ou melhor, não anda para frente. Prefere dar passos para trás. Ela falha, tarda, e (talvez pior ainda) não resolve.
Nesta sequencia interminável de capítulos de novela mal escrita, o final é sempre jogado para frente. Nada se resolve. Nem se transforma. Tudo se adia. Discutimos tudo. Resolvemos nada. E fazemos menos ainda.
E vamos levando a vida a golpes de barriga. Acostumamos a esperar. Mesmo que já não saibamos mais o que ou porque esperamos.
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