Sabemos que o Estado não é a solução, o Estado é o problema. Em outras palavras, o Estado não é a saúde, mas a doença. Digo isso porque hoje pela manhã me deparo com uma notícia no Le Monde intitulada Les mesures-chocs de l’Australie contre la cigarette (As “fortes” medidas da Austrália contra o cigarro).
Semana retrasada João Pereira Coutinho já havia citado algo sobre esta perseguição aos fumantes em seu breve texto A Pureza da Raça, onde diz que “o Estado […] abomina o vício mas gosta de lucrar com ele.”
E podemos ver isso claramente ao lermos a reportagem no Le Monde, afinal de contas, conforme aponta o jornal francês, as medidas tomadas na Austrália contra o cigarro, que incluem restringir de 50 para 25 cigarros por viajante em aeroportos e aumentar, a partir de 2017, de quatro em quatro anos, 12,5% no valor do maço, dentre outras, “deverão trazer 4,7 bilhões de dólares (3 bilhões de euros) ao Estado.” Além disso, em New South Wales, Sul do país, “acender um cigarro numa praia de Sidney é se arriscar a levar uma multa de 110 dólares (71 euros).” Novamente o Estado querendo “preservar” a saúde de seus cidadãos pelo bolso…
Ainda no Le Monde, lemos que “… está agora proibida a venda de cigarros em festivais, fumar nos estacionamentos, áreas de táxi e locais para as crianças, nas ruas para pedestres, áreas de restauração, etc.” Também tentaram proibir que as pessoas fumassem em suas “varandas particulares”, mas não conseguiram, pois sabiamente houve denúncia de que isso restringia as liberdades individuais.
Se continuar assim, imagino que logo os agentes estatais que “lutam pela saúde” do povo irão bater à porta das casas e apartamentos e dizendo: “Estamos aqui por sua própria segurança. Iremos revistar e procurar por maços de cigarro!”, e logo que encontrarem um cinzeiro, a pessoa será presa em flagrante por prejudicar sua saúde e consumir algo vendido legalmente.
Isso faz lembrar novamente Coutinho que, no artigo já citado, afirmou que “A ideia, agora, é humilhar publicamente os fumadores, apresentando-os ao mundo como exemplos de doença, decadência e degeneração, uma trilogia que eu julgava enterrada com as piores tiranias do século XX.” Ele ainda comenta: “Resta-me esperar que o próximo passo não seja um ‘campo de reeducação’ para fumadores – ou, a médio prazo, o fuzilamento destes novos ‘inimigos do povo’. Mas, nestas matérias, o melhor é não dar ideias.”
Isso já pode ser visto na prática e eu vejo isso com frequência na minha universidade, onde proíbem que as pessoas fumem até mesmo no estacionamento, que é enorme. Sempre que uma das professoras, fumante, quer acender um cigarro, precisa procurar um “gueto”, um canto, um “exílio” para que a patrulha politicamente correta não a multe pelo “crime”. Compreendo que fumar em lugares fechados possa ser algo meio ruim para os que não fumam, embora, claro, quem deve decidir isso é o proprietário do bar, restaurante, etc., não o Estado, novamente, que o proprietário já sustenta com o tumor maligno dos impostos exorbitantes.
Enfim, o ministro da saúde trabalhista Cameron Dick, se orgulhou dizendo que “Notoriamente, fumar se tornou socialmente inaceitável em Queesland.” Por trás desse comentário, há algo sombrio do qual já vimos antes na história. Se fumar, que é um ato individual, assim como comprar um pacote de salgadinhos, é visto como algo socialmente inaceitável, logo os fumantes estarão sendo agredidos sem que a sociedade condene o ato. Os fumantes terão sua Noite dos Cristais?
O Estado, com sua “autoridade moral em si mesmo”, como pregava Mussolini, já eliminou muito mais vidas do que o tabaco. Por isso, sugiro que os fabricantes de cigarro, em contraposição às imagens horríveis de pessoas doentes e mortas colocadas obrigatoriamente nos maços, também coloquem imagens dos campos de concentração e de pessoas perseguidas e assassinadas pelo câncer dos Estados autoritários que nascem a partir de medidas como essas.
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