Sua infantaria – CUT, MST, UNE – já não tem a mesma capacidade de combate de tempos outrora. Esvaziaram-se quando se amancebaram. E sua principal força blindada – o Partido dos Trabalhadores – mal resiste ao bombardeio da Operação Lava-Jato; encontra-se atolada no imenso lodaçal criado pelos próprios petistas.
Ao se pintar para a guerra, assumir o papel de cobra traiçoeira e convocar os seus a fazerem o mesmo, Lula realizou um movimento estratégico temerário.
A ameaça de colocar o país em chamas, quase à beira de uma “guerra civil” entre as “elites” e as “forças populares” tem tudo para ser uma nova batalha de Itararé.
Pode até haver escaramuças promovidas por grupos de assalto do lulopetismo, com vistas à intimidação dos brasileiros e para tentar levar a oposição à paralisia. Mas nada que faça de março uma onda vermelha. O mais provável é um mar de verde, amarelo e azul nas principais cidades do país, no próximo dia 13.
O teatro de operações não é favorável nem à presidente Dilma Rousseff, nem ao projeto Lula -2018, uma miragem cada vez mais impossível.
Há uma contradição insanável entre o clamor das “bases populares” e a política econômica da presidente. Por mais que Lula pressione, Dilma não pode dar um cavalo de pau na economia para não perder, de vez, o quase nada que resta na sua condição de governabilidade. As contradições internas deste bloco de poder impede a capacidade de mobilização de sua própria base de apoio, algo que, de verdade, ela nunca teve.
A batalha pelas ruas ocorre, portanto, em condições extremamente adversas ao governo e ao lulopetismo. A recessão, o desemprego e a inflação fazem uma razia na vida dos brasileiros, espantam e afugentam os investidores. As águas da Lava-Jato se avolumam e não há como o governo reter a correnteza. O cidadão comum não está de bem com a vida. Ao contrário, está furioso com tudo isto e identifica, de forma cristalina, os responsáveis por seus tormentos.
Em vez de dar a ordem para avançar em uma situação adversa, o caudilho deveria ter protegido mais os seus flancos. Como não agiu assim, ele e Dilma podem ter supressas desagradáveis em outra frente: a convenção do PMDB.
Michel Temer e seus fiéis escudeiros recuaram para a segunda trincheira, de onde operam com discrição. Mas a tropa avançada dos peemedebistas rebeldes vai esticar a corda para a ruptura com o Palácio do Planalto. Não deve levar, mas o que pinta como resultado da convenção do dia 12 já está de bom tamanho. Para eles e para a oposição.
O PMDB não largará o osso, continuará com seus ministérios, mas se declarará independente. Há evidência maior do que essa de que o governo está derretendo?
As placas tectônicas se movem. A correlação de forças no Parlamento certamente não será a mesma, após a convenção dos peemedebistas. Há um movimento na direção do reencontro entre o grito das ruas e uma saída institucional, democrática.
Configura-se, assim, o pior dos cenários para o criador e a criatura. Aquele que qualquer estrategista digno do nome sempre procura evitar: ter de travar a luta em diversas frentes, simultaneamente.
Por aí a Alemanha perdeu a guerra.
Lula escolheu o mesmo caminho.
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