Segue o mesmo ritual de seu antecessor, que pelo menos começou a ouvir seu Conselhão ainda quando seu governo estava com popularidade elevada.
Ela repete a mesma experiência no momento em que seu governo demonstra fracasso quase absoluto, mergulhado em crises sob todas as frentes e na véspera da retomada de debate sobre seu impeachment.
Poderia ser diferente se no lugar do -"s" ela usasse o "c"; no lugar de ouvir falsos conselhos sobre o que ela já decidiu ou pensa decidir, tentasse construir um concerto sobre o que o País deseja e pensa.
Mas para isso teria que perder a arrogância, assumir as dificuldades, reconhecer seus erros, ouvir os críticos profundos e até mesmo representantes da oposição. Isto ela não quer; e sua base de apoio, começando com o PT, mas também os outros partidos aliados, também não quer.
É este "Concelhão" que muitos sugerem desde o dia de sua reeleição: pessoas que percebiam o desastre de um governo sem credibilidade, eleito por campanha mentirosa e com falsas promessas, mas com um mandato constitucional por mais quatro anos.
Só com diálogo seria possível criar um concerto que evitasse os riscos de impeachment e a certeza de desastre. Mas, a arrogância não deixou e no lugar de um concerto político de vontades nacionais, continuamos na busca de consertos usando marqueting, como se o problema fosse dar a impressão de que estamos tapando o furo em um pneu, quando nosso problema é mudar o rumo errado que o veículo insiste em seguir sob a condução de um governo perdido pela irresponsabilidade e incompetência, falta de visão de longo prazo, apego ao poder das mãos na direção, mesmo em um rumo errado; ou, ainda pior para o País, achando que o rumo está certo, quando a realidade mostra e todos percebem que estamos no rumo equivocado.
O Brasil precisa de um Conserto e não de falsos concertos pelo marqueting.
Cristovam Buarque
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