quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

O Brasil é maior do que o mosquito?

A seis meses das Olimpíadas, quando deveria ser alvo das atenções mundiais e ocupar o noticiário internacional de forma positiva, o Brasil encontra-se no epicentro de uma emergência internacional decretada pela Organização Mundial da Saúde. É algo tão raro e tão grave que a OMS só tomou a mesma atitude em três situações extremas: na gripe suína, no surto de pólio na África do Sul e em países do Oriente Médio, e no surto de ebola no oeste da África.

A letargia e perplexidade das autoridades brasileiras diante da tragédia são bem um espelho da falência do sistema de saúde nesses anos de governo lulopetista.

Especialistas já alertavam, há dois anos, sobre o crescimento populacional do aedes aegypt e dos consequentes perigos para a população. Os números são eloquentes, falam por si. De 2009 a 2015 foram registrados no país cerca de 5,4 milhões de casos de dengue, com duas mil e 300 mortes.

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Enquanto a presidente Dilma Rousseff vendia um país inexistente em sua propaganda eleitoral, o mosquito dizimava brasileiros, alastrava-se pelo país, transmitia dengue, chycungunha e zika.

Combater mosquito não dava voto, daí o governo Dilma nunca ter se empenhado em enfrentar seriamente o vetor. Ao contrário, os recursos repassados às prefeituras tiveram redução de 60% entre 2013 e 2015, segundo o presidente do Conselho Federal de Medicina, Carlos Vital Tavares. Ou seja, enquanto os casos e óbitos de dengue tinham um aumento recorde, a verba destinada ao combate do mosquito transmissor caiu de R$ 366,4 milhões para R$ 143,7 milhões.

Só quando mães desesperadas chegaram à rede de saúde pública com bebês microcéfalos no colo é que o governo começou a desconfiar do efeito devastador do zika vírus. E de forma atabalhoada, em meio a enorme bate-cabeças. Não vamos aqui relembrar os desastrados dizeres do ministro da Saúde, Marcelo Castro, ora em ataques à inteligência, ora em constrangedores sincericídios.

Mas não pode passar batida a declaração do chefe da Casa Civil, Jacques Wagner, segundo a qual o governo encara “com absoluta perplexidade” a situação da saúde pública no Brasil, com a proliferação dos casos de zika vírus.

Se o governo está perplexo, como estão as mães dos bebês deformados pela microcefalia? E como estão as mulheres grávidas dependentes de uma rede onde faltam leitos, medicamentos, tratamentos importantes como hemodiálise, radioterapia, quimioterapia e até atendimentos básicos?

Não, não temos uma rede pública de saúde com capacidade para enfrentar uma emergência global, por melhores e mais dedicados que sejam os profissionais da área. Temos uma contradição que o lulopetismo não equacionou. A concepção do Sistema Único de Saúde, consagrada na Constituição de 1988, é avançadíssima, mas os serviços prestados aos brasileiros são de péssima qualidade. Daí o refúgio, de quem pode, para os planos de saúde privados.

Sim, o lulopetismo foi na contramão do que fizeram os países que experimentaram o “socialismo real” e a social-democracia. Em vez de universalizar serviços básicos de qualidade como a saúde, promoveu o “distributivismo direto”, priorizou o consumo e incentivos fiscais seletivos. Não investiu em saneamento básico. Condenou o Brasil a continuar sendo sujeito a epidemias típicas do terceiro mundo. A ser o país do aedes aegypti.

Vamos ser claros: o PT não disse a que veio, na área da saúde. Algum dos seus ministros da Saúde marcou época? Algum deles pode ser comparado a Jamil Haddad, Adib Jatene ou José Serra?

A tragédia está aí, estampada nos lares de milhões de brasileiros. Para enfrentá-la, os marqueteiros de Dilma já criaram seu slogan: “O Brasil é maior do que o mosquito”.

Algo tão vazio quanto “Pátria Educadora”.

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