Em ambos os casos, ele está tratando de se eximir das responsabilidades que sobre ele recaem em relação aos 13 anos de governo petista. Oito foram dele e cinco correm à conta de seu braço direito e grande gestora, a mãe do PAC, a madrinha de Pasadena, a tia do Petrolão e a dona da crise. Sair para rua? Ô Lula! Você pode imaginar Dilma passeando num shopping, pedalando na Lagoa Rodrigo de Freitas ou na orla do Guaíba? Consegue imaginar Dilma apertando mãos na Rua da Praia ou jantando no Piantella? Vai com ela, Lula. Vai com ela.
Mesmo quando tinha bem mais de nove pontos de aprovação, a presidente descobriu que aparecer em público era um convite à vaia e ao panelaço. Com nove pontos, assistir um jogo de futebol seria franquear-se para ataques à sua dignidade pessoal e familiar. Portanto, o conselho de Lula está muito longe de ser uma orientação estratégica. É expressão do mais indigno "faz o que eu digo, mas não faz o que eu faço", porque também ele, Lula, só aparece valente cheio de indignações e razões no Facebook, no meio dos próprios companheiros ou entre gente muito amiga do peito.
Essa frase de Lula dispensa o discurso da mandioca e da "mulher sapiens" para evidenciar mais esse absurdo da nossa democracia: o absurdo do poder que se mantém nas mesmas mãos apesar de seus dois principais representantes, que governam o país há 13 anos, não poderem aparecer em público, tamanha sua rejeição. Hoje, se dependesse da vontade popular, estavam fora do poder. Mas isso, no presidencialismo, não tem qualquer significado. Ao que tudo indica, estamos dependendo do TCU ou da UTC. Mas a CUT resiste.
Percival Puggina
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