Assim escreveu o vienense Zweig em "Brasil, País do Futuro", livro que publicou em 1941 e foi destroçado pela nossa imprensa. Zweig, judeu refugiado no país, foi acusado de tê-lo escrito por um visto de permanência. Era mentira, mas, como não podiam desafiar a censura e atacar a ditadura de Getulio, os críticos foram a ele. Um dos argumentos era sua descrição da mania brasileira pelos jogos de azar, incluindo os cassinos e o jogo do bicho. Disseram que não era verdade. Mas todos sabiam que era —e, como a história provou, sempre seria.
Nos anos 1970, tivemos o boom da Bolsa. Depois, a inacreditável obsessão pela loteria esportiva. Mais alguns anos, a febre dos bingos. E, há pouco, a da mega-sena. Mas esta tem agora um concorrente: as bets, em que se pode jogar pelo online e se tornaram o esporte nacional. Estão ao alcance até das crianças, inclusive como banqueiras —no Instagram, há influencers de 8 anos agitando notas de R$ 100 e prometendo dinheiro à vista no Jogo do Tigrinho. A palavra "bet" se incorporou à língua.
Nunca se jogou tanto no Brasil. As apostas parecem tomar 100% da publicidade em todas as mídias. É uma indústria que já movimenta R$ 100 bilhões no país, em ganhos para poucos e quebradeira para muitos. O governo tem outras preocupações. Firma-se a ideia de que é fácil ficar milionário e que trabalhar é para otários.
Zweig tinha razão.
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