sábado, 7 de março de 2020

'Talkey show' da vergonha

Não tendo como mentir sobre o pibinho, Bolsonaro convocou um humorista travestido de Bolsonaro para distribuir bananas à imprensa —um humorista, aliás, que é fake: autodenominado Carioca, ele nasceu em Niterói. Jornalistas não cooptados pelas verbas do governo se recusaram a participar da palhaçada, agravando uma discussão deontonlógica: diante de tantas ofensas, repórteres devem continuar ouvindo o presidente no cercadinho em frente ao Palácio da Alvorada?

O "talkey show" é uma vergonha, mas deve, sim, ser registrado, para que no futuro não digam que estávamos aumentando ou faltando com a verdade —por mais inverossímil que ela pareça. E até para que possamos rir dela, ao lado de nossos netos, quando o pesadelo passar. Se o próprio presidente quer fazer um papel ridículo, o problema é dele. E, se não formos nós, quem irá questioná-lo? A claque? Isso não quer dizer que não possamos protestar: na próxima semana está marcado um dia de braços cruzados simbólico.


Na esperança de que a relação entre imprensa e governo possa se estabelecer de maneira responsável, segue uma pequena pauta com perguntas a serem respondidas pelo verdadeiro presidente, aquele que fez o juramento de manter e cumprir a Constituição, e não pelos muitos bobos da corte, profissionais ou não, que o circundam:

Por que o senador Flávio Bolsonaro tentou nove recursos para trancar as investigações contra ele envolvendo crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa? Por que o governo privilegia Sul e Sudeste na concessão do Bolsa Família, em detrimento do Nordeste, que concentra maior número de famílias pobres? Por que o gabinete do deputado Eduardo Bolsonaro propaga ódio na internet?

Quanto mais alto o dólar, melhor? Por que os 13 celulares do herói-miliciano continuam mudos? Quem pagou o cachê do falso Carioca? Cadê o pibão prometido?

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