quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Nosso lado fascista

"Então, vamos lá", diz minha neta Bia, 9 anos, quando começa a contar uma história.

A história, nesse caso, não é promissora. Pois então vamos lá. Pesquisas recentes de opinião mostraram que o Presidente Jair Bolsonaro vem perdendo terreno. A noticia não é nova, Fontes diferentes apresentaram resultados parecidos. Do inicio do ano para cá, o capitão perdeu mais da metade do apoio popular. Em fevereiro, 19% da população achavam o governo ruim ou péssimo. Hoje, são quase 40%.

Os brasileiros estão acordando? Antes tarde do que nunca? Até alguns famosos já se arrependeram. Políticos e outros. Por irrestrita conveniência.

E o que isso quer dizer para os bolsonaristas convictos? Absolutamente, nada. Acredite. Hoje, nove meses depois de irremediáveis atrasos na educação, meio-ambiente, saúde, tecnologia, a economia que não avança, censura descarada e a série sem fim de asneiras e ataques, há ainda quase 30 por cento de patrícios que acham o governo bom ou ótimo.

Levantamentos sérios, feitos por gente séria.

Não são fracos os que o cultuam, na tradução da força física, não do caráter. Ativos nas redes sociais, fabricam notícias falsas em tal velocidade que perdem apenas pros Estados Unidos. A maioria dos bolsonaristas convictos é violenta, gosta de armas, odeia gays, despreza os negros, tem horror à independência das mulheres, e acha que floresta boa é floresta que dá lugar a madereiros ou plantadores de soja.

Há os que amam Bolsonaro para odiar o PT. Defendem o mito para condenar Lula. Nem Ciro, e seu discurso de sinais trocados, faria diferença para esse gueto. Só o Capitão representa o antagonismo vital para sua sobrevivência politica. Casos perdidos. Como o PT não morreu, o antipetismo está mais vivo que nunca.

O lado fascista ainda é latente. Não há ilusão. O mito resiste para quem enxerga saída para o Brasil pela veia autoritária, devastadora, ultra conservadora e ditatorial. Quase 30% do eleitorado é muita gente. Não garante reeleição. Endossa alianças.

Na ribanceira eleitoral, muitos passaram a reprovar o estilo xucro do Presidente da República. Não prestaram atenção na campanha. Ele já era xucro, brega e vulgar. Ele sempre foi xucro, brega e vulgar. Mas, OK. Em fevereiro, quando o mito ainda era mito, 28,2% torciam o nariz para seu desempenho pessoal. Hoje, são 53,7% os incomodados.

Pois bem, o linguajar bronco e chulo não contaminou os 30% que o apoiam. É de assustar o que dizem seguidores. Pobres e ricos, héteros e gays. Mais ricos do que pobres, mais héteros que gays. Uma mesa num restaurante acessível apenas à fina flor do Leblon reunia dia desses uma histérica (e bem sucedida) advogada, jornalistas e economistas. Ela defendeu com tanto ardor a perversa e controversa política econômica e social de Bolsonaro, que fez calar até quem um dia votou nele.

Cenas comuns. Em ambientes onde se sentem seguros, bolsonaristas não baixaram o tom. Excitam-se ao menor sinal de oposição. Turma, seita, bando, associação, panela, panelinha, esbravejam como nunca. Para alegria da família Bolsonaro, persistem. No mundico da política, definitivamente, como diz o colunista José Simão, da Folha de S. Paulo, "quem diz que gay é escandaloso, nunca viu um hétero defendendo Bolsonaro". Prestem atenção.

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