Comparadas com as multidões que foram às ruas na célebre jornada de 2013, as passeatas de estudantes e professores contra o facão do Ministério da Educação foram pequenas. Não se sabe que tamanho terão os atos pró-Bolsonaro do próximo domingo. Mas o simples ressurgimento do nariz daquilo que Juscelino Kubitschek chamava de "o monstro" já foi suficiente para amedrontar parte do centrão e o pedaço do governo pertencente à cota de Olavo de Carvalho.
Alvo das manifestações estudantis, o governo liberou parte de sua reserva orçamentária para umedecer o orçamento da Educação. Coisa de R$ 1,587 bilhão. Não resolve os problemas do setor. Mas atenua a impressão de descaso.
Na alça de mira dos protestos que estão por vir, o centrão abriu a guarda para permitir a votação da medida provisória que reformou a estrutura dos ministérios. Ainda não se sabe se Sergio Moro levará o Coaf. Mas já não há o risco de ressurreição do organograma de Michel Temer, com 29 ministérios em vez de 22.
Na definição de Juscelino, o monstro é a opinião pública. Normalmente, manifesta-se por meio dos personagens que elege para representá-lo. De raro em raro, a imprensa consegue interpretar-lhe os desejos. Mas em situações de crise, o monstro dispensa intermediários. Faz o asfalto roncar.
O monstro mobilizou-se pelas diretas. Derrubou um regime. Pôs para correr dois presidentes da República. Avalizou o esforço anticorrupção, abrindo as portas das cadeias para a oligarquia política e empresarial. Agora, revela-se impaciente com a incapacidade do Poder de entregar responsabilidade, estabilidade, probidade e empregos. Por enquanto, a crise está nos gabinetes. Mas o monstro informa que ela pode voltar definitivamente para as ruas. Daí o medo.
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