Enquanto a comunidade global não adota ações drásticas, alguns países fazem suas contribuições globais ao planeta, segundo o Good Country Index (Índice dos Bons Países, em tradução livre), que mede o impacto de cada país no mundo, como uma marca ecológica em relação à economia e às porcentagens de energia reutilizável utilizada.
"Na nossa época de globalização avançada e interdependência massiva, tudo tem um impacto no sistema inteiro, cedo ou tarde", diz Simon Anholt, consultor independente que criou o índice.
Países europeus dominam o top 10 da sessão Planeta & Clima do Índice dos Bons Países, mas há nações no mundo inteiro tomando atitudes para reduzir seu impacto negativo no meio ambiente. A BBC conversou com moradores em cinco países de ótima performance e perguntou como é viver em um lugar que está fazendo algo para salvar o planeta.
Carros elétricos nas ruas de Lisboa |
"Isso realmente está profundamente enraizado na nossa cultura e às vezes é quase uma religião para muitas pessoas", disse o norueguês Axel Bentsen, fundador e CEO da Urban Sharing, a empresa por trás do popular programa de compartilhamento de bicicleta Oslo City Bike. "Nós passamos tempo na natureza em qualquer temperatura e nossos bebês até dormem do lado de fora. Nossa capital, Oslo, é única no sentido de que você pode usar o transporte público e ir parar numa floresta, então é algo popular de se fazer antes ou depois do trabalho".
Oslo foi nomeada a Capital Verde da Europa em 2019 pela Comissão Europeia por restaurar seus canais, investir em bicicletas e transporte público e por sua estratégia financeira climática inovadora (tornando as emissões de dióxido de carbono rastreáveis assim como fundos financeiros). A cidade também tem trabalhado para barrar carros no centro. "No último ano, tem sido ótimo ver a cidade tirando estacionamentos para tornar as áreas mais amigáveis para pedestres e ciclistas, enquanto a infraestrutura para bicicletas também melhorou com mais ciclovias", diz Bentsen.
Apesar de 99% das fontes de energia doméstica da Noruega serem sustentáveis por meio de hidrelétricas em seu litoral, nos fiordes e nas cachoeiras, a Noruega ainda é uma grande extrativista e exportadora de petróleo, o que se tornou uma questão política controversa.
"Vale a pena manter a contínua extração e exportação de petróleo e gás porque ela gera enormes quantidades de dinheiro que são usadas para infraestrutura ambiental que não seria possível de outra maneira?", questiona David Nikel, um expatriado britânico que vive na Noruega desde 2011 e tem um blog sobre a vida no país. "Muitos acham que o dinheiro gasto nessa infraestrutura vai inspirar outras cidades e outros países e isso levará a um mundo mais verde. Outros pensam que são dois pesos e duas medidas. Depende de que lado você está."
Portugal foi pioneiro no investimento em uma rede inteira de abastecimento de carros elétricos (que era grátis até recentemente), no incentivo aos seus cidadãos a instalarem painéis solares e energia renovável com preços mais baixos, além de oferecer a oportunidade de vender a energia de volta ao sistema.
"A maioria dos meus vizinhos têm painéis solares ou bomba de água. Na minha casa, meus pais instalaram essa bomba que transforma água da chuva em água potável, que usamos para aguar as plantas, lavar roupas e dar água aos nossos animais de estimação", diz a portuguesa Mariana Magalhães, gerente de marca na agência britânica Forty8Creates.
Reciclar e compostar é um modo de vida normal aqui, com lixeiras específicas em cada bairro, incluindo uma para baterias. A educação tem um enorme papel nessa transformação. "No colégio, tínhamos várias aulas de educação ambiental e frequentemente tínhamos aulas em um parque local para criar esse amor ao meio ambiente", diz Magalhães.
Ao longo de sua história, Portugal foi uma sociedade agrária que fez uso de suas abundantes fontes naturais. "Na fronteira entre Portugal e Espanha, no Norte, você consegue ver as montanhas cheias de equipamentos de captação de energia eólica. Você também consegue ver hidrelétricas nos lagos para coletar energia da água", diz Magalhães.
"Nós temos condições naturais que favorecem o uso de energias renováveis", acrescentou Joana Mendes, gerente da pousada Molinum no sul de Portugal. "Já que são mais baratas, gradualmente mudamos para elas."
Na capital portuguesa, cheia de subidas e descidas, a adoção da bicicleta não é tão forte como em outras capitais europeias, mas outros modos sustentáveis de transporte estão começando a decolar. "Alugueis de patinetes elétricas foram introduzidos em Lisboa e se tornaram muito populares", diz a americana Wendy Werneth, que viveu em Portugal por dois anos e escreve no blog O Vegano Nômade. "Os lisboetas realmente a abraçaram como uma maneira ecológica de se transportar".
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