quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Só o capitão poderá levar o deputado a perder a eleição

Só o capitão, ou alguém a sua cola (o que é a mesma coisa), levará Jair Bolsonaro a perder a eleição, no segundo turno, para Fernando Haddad. Separo, por motivos óbvios, o capitão do deputado. O primeiro já era; o outro está na política há 28 anos. Nem sempre caminhou pelo caminho – assim considerado pelos que o criticam com razão – da boa política. Não está preparado para governar o país, mas poderá contar com a chance de mostrar, no dia seguinte, que poderá aprender a fazê-lo. Isso vai depender dele, de mais ninguém. Há riscos, mas não a ponto de facilitar a ascensão de um novo Hitler, como dizem os adversários (ou inimigos?), que não enxergam o próprio rabo.


A pesquisa do Instituto Datafolha (59% contra 41%) já disse tudo. O brasileiro está de saco cheio do PT e, em grau igual, do PSDB (que sucumbiu e terá que ter forças para voltar a ser o que foi), mas, sobretudo, dessa narrativa demagógica e desonesta que diz a todo instante que Lula é preso político e o impeachment de Dilma foi golpe de Estado. Os mineiros, nas urnas, já desfizeram parte dessa narrativa e mudaram o rumo da ex-presidente, que sonhou com a ida para o Senado como mais uma representante de Minas. O duro castigo veio a cavalo.

Não teria sido melhor para o PT, mas, principalmente, para Fernando Haddad, seu candidato, reconhecer a verdade? Não seria melhor que já tivessem feito um exame público de consciência? Não é possível que nunca se toquem pelo mal que fizeram ao país! As acusações contra Lula constam de processo que obedeceu ao princípio do contraditório. Nele atuaram acusação e defesa, e esta através de advogados competentes – por sinal, aliás, muito bem remunerados. O impeachment de Dilma também passou por análises políticas e jurídicas.

Ah!, dizem os eternos defensores do líder/ideia, nossa Justiça não vale uma pataca furada! É corrupta, incompetente e injusta. Mas como, se Lula foi julgado por vários juízes, que se fundaram, para proferir sentença, em provas à mão cheia? As provas de corrupção, no seu governo e nos do “poste” que elegeu, não lhes bastam?

A atuação criminosa de Lula foi a maior responsável pelo surgimento da onda de antipetismo e, ao mesmo tempo, pelo desejo de alternância no poder, que é princípio indispensável ao regime democrático. Para conquistá-la, os eleitores disseram, nas urnas, que ela não depende em nada do eleito: “Se Bolsonaro não acertar, o tiraremos daqui a quatro anos. O que não se pode tolerar mais é essa comilança por parte dos atuais donos do poder”, disse-me um motorista de táxi.

Grande parte da classe média, responsável pelas eleições de Lula e Dilma, não tolera mais as agressões. E é a ela que a filósofa Marilena Chauí despejou incríveis xingatórios, no lançamento do livro “Dez Anos de Governos Pós-liberais: Lula e Dilma”. Disse, em gritos, que “odeia a classe média”. Disse que “a classe média é uma abominação política porque é fascista, é uma abominação ética porque é violenta e é uma abominação cognitiva porque é ignorante”.

Agora, tomem! Haddad, antes considerado “um bom quadro do PT” (por gente fora do PT, pois lá dentro nunca teve esse conceito, era considerado “tucano”), demonstrou sua pusilanimidade diante do presidiário de Curitiba. Quis desdizer o passado e apagar os malfeitos através de providências primárias de marketing político. Só conseguiu provar, com clareza, que esse instrumento é um desperdício nas eleições. Tornam-nas caras e facilitam o desvio de dinheiro público.

“E agora, José?”

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