quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Quem pedia uma nova ditadura militar vai ganhar uma democracia militar

Tenho dúvidas de que Deus seja brasileiro, mas considero absolutamente compreensível que escreva certo por linhas tortas. Basta conferir o que está acontecendo agora no Brasil. Depois do mensalão, do petrolão, do impeachment e da ascensão de um governo formado quase que exclusivamente por corruptos (Temer, Padilha, Moreira, Gedell, Renan, Barbalho & Cia), uma enorme parcela da sociedade começou a defender a necessidade de uma intervenção militar não prevista na Constituição. Ou seja, exigiam um novo golpe, e o faziam abertamente, sem temer a Lei de Segurança Nacional.

Aqui na “Tribuna da Internet”, essa tese do novo regime de exceção ganhou adeptos entusiasmados, que alinhavam estranhos argumentos, alegando que seria uma intervenção apenas durante algum tempo, para clarear a situação, e depois os militares devolveriam o poder aos civis, como se fosse possível uma bobagem dessas.
O certo é que, com a aproximação das eleições, houve o crescimento da candidatura do deputado Jair Bolsonaro, e tudo mudou. O movimento a favor do golpe militar foi arrefecendo à proporção que aumentava a viabilidade da candidatura do deputado-capitão, que percorria incansavelmente o interior do país, conquistando apoio local para implantar outdoors nas estradas.

Em março de 2016, quando anunciou sua pré-candidatura, era filiado ao Partido Social Cristão (PSC), mas já sabia que não lhe dariam a legenda para disputar a eleição e teria de se filiar a outro partido.

Apareceu o PEN, que para homenagear Bolsonaro até trocou de nome, passando a se chamar Patriotas. Mas o candidato acabou se desentendendo com os dirigentes e não se filiou. Continuou a campanha sozinho, até iniciar as negociações com outro partido nanico, o PSL.
O partido nem interessava a Bolsonaro, porque o importante era a mensagem de mudanças. Manteve a rotina das viagens pelo país e sua aceitação foi crescendo, de forma espantosa.

Agora, Bolsonaro se prepara para chegar ao poder e traz consigo um grupo de oficiais-generais, que o ajudaram a montar o governo. Ou seja, quem defendia um golpe militar será atendido com um governo militarista, mas eleito democraticamente, vejam como Deus escreve certo com as linhas tortas.

Pessoalmente, o editor da TI continua achando que Bolsonaro é um idiota completo, mas tem condições de fazer um grande governo, se for bem assessorado. Se isso acontecer, prometo que passaremos a classificá-lo de o idiota que deu certo e foi conduzido por divinas linhas tortas, como as usadas genialmente por Garrincha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário