segunda-feira, 21 de agosto de 2017

País estranho, este Brasil

Os grupos de supremacia branca, nos Estados Unidos, são contestados na mesma moeda por brancos e negros, muçulmanos e cristãos, europeus e latinos. Todos vão às ruas contra a onda de racismo alimentada pela turma aliada de Donald Trump.

As ruas também são tomadas na Venezuela, mas por fome, desemprego, falta até de papel higiênico, e sobretudo falta de liberdade, que os "coletivos" bolivarianos de Nicolás Maduro contestam com violência.

Na Europa, a multidão tomou as ruas de Barcelona para mostrar a própria força contra o terror do radicalismo. O mundo se manifesta e as pessoas repudiam seus algozes.


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As ruas também foram ocupadas, por alguns dias, mas faz tempo, por multidões brasileiras contra aumento das tarifas de transportes, - hoje, sabe-se, que turbinadas para atender à corrupção. Gente também tornou os domingos dias de festa na rua em protesto contra o desastre do governo Dilma, contra a corrupção, contra as manobras de contenção das investigações da Lava Jato. E foi só.

Os problemas de ontem, que levaram tantos a protestar, continuam a sufocar a sociedade brasileira. Hoje até agravados pelo descaramento dos três Poderes em continuar a roer o osso, manter o trono e garantir sob a lei dos togados os privilégios. E as ruas estão silenciosas. Talvez seja sintoma já registrado na personagem de Kate Lira, nos programas humorísticos dos anos 1970: "Brasileiro é tão bonzinho!" Uma bondade que custa sangue, suor e lágrimas que os digníssimos senhores e senhoras mais afortunados, até mesmo muito bem abonados, preferem assistir de longe como se lavassem as mãos da parte que lhe toca.

Luiz Gadelha

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