Se a lembrança de tempos melhores morreu ou nunca existiu, jamais saberemos. O certo é que perdemos a referência antes de perder o rumo. E pagamos por isso. Quem assiste à degradação no presente sem poder se apegar a memória de dias melhores, dificilmente consegue ver o horizonte.
Tudo fica perdido nessa nuvem eterna que parece não se dissipar, anunciando a tempestade que parece nunca passar. Assim nos acostumamos. Deixamos os sonhos degradar em arrependimentos.
Houve época, deveríamos lembrar, em que imaginamos construir um país melhor baseado autodeterminação e liberdade de expressão. Falhamos. Décadas depois, construímos um sistema eleitoral que não serve como ferramenta da democracia.
Cabe reconhecer que falhamos. Talvez seja este o primeiro passo na recuperação da amnésia coletiva. Imaginar ou lembrar que um dia pedimos, lutamos e sonhamos com democracia.
País sem tradição e história democrática, não contamos com a ancora da memória como resgate. As intuições são quase inexistentes, apesar de gostarmos de apontar com frequência incômoda que elas estão funcionando.
Se aos mais velhos falta a memória, aos mais jovens falta a experiencia. Em poucos anos, o país mudará de guarda. Passará a ser comandado por uma geração que sequer experimentou a esperança da chegada de democracia.
Gerações que carregarão o peso das decisões erradas de seus antecessores, sem terem experimentado a normalidade. Renovação traz possibilidades que, se bem aproveitadas, se transformam em oportunidades. Talvez esta geração possa finalmente conduzir a nação a dias melhores.
Mas existem riscos. E o risco maior são os exemplos que deixamos para os jovens de hoje. Um país envolvido em ambiente toxico onde as práticas são nocivas. Uma fábrica de injustiças em ambiente institucional degradado. Não são bons os exemplos deixados. Não servem de inspiração.
Se a gente não tomar cuidado, eles vão acabar acreditando que democracia é isso mesmo.
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