Evidentemente, isto dependerá da recuperação de programas de grande envergadura, como os de construção civil, principalmente na habitação, e de infraestrutura, porque viabilizam outras atividades que também são geradoras, em larga escala, do emprego e da renda.
No século XX duas iniciativas foram igualmente relevantes para a inovação.
A primeira foi o nascimento dos parques tecnológicos, fruto do pioneirismo de Frederik Terman. Sua visão privilegiada para a importância das relações entre universidade e empresas de base tecnológica e para a necessidade de transformar as teses de mestrado e doutorado em meios para o aumento da competitividade, o levou a apoiar, entre outros, a dupla Bill Hewlett e David Packard, fundadores da HP, uma das maiores organizações mundiais no domínio da eletrônica e da computação. Alugou terrenos da universidade, a preços módicos, para a HP, para General Eletric e a Lockheed.
Nos anos 50, quando reitor de Stanford, Terman viabilizou o primeiro dos “parques”, conhecido como “Vale do Silício”, referência mundial, que oferece meios de apoio às empresas inovadoras, e contribui fortemente para o desenvolvimento local, aglutinando cadeias produtivas e de fornecedores que se beneficiam dos resultados dessas empresas.
No Brasil, os parques são muito recentes, do final da década de 80, quando foi instalado o Polo de Biotecnologia, no campus da UFRJ. Na UFRJ também surgiu o “Parque do Rio”, que permitiu a transformação de inúmeros projetos de pesquisa, em geral teses de doutorado, em produtos e processos que aumentaram a competitividade de nossas empresas.
Hoje o país conta com 94 parques tecnológicos, abrigando mais de 950 empresas, e que respondem por mais de 35 mil empregos.
As incubadoras, criadas também nos anos 50, visam a apoiar os empreendedores na consolidação de seus negócios, por meio de ações que permitam adquirir conhecimentos técnicos e boas práticas na gestão empresarial.
Dados da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (ANPROTEC), assinalam a existência de 2300 empresas incubadas, em 939 incubadoras, e de outras 2800 empresas já graduadas. Elas geram mais R$ 21 bilhões na produção nacional e outros R$ 12 bilhões na renda, além de 53 mil empregos diretos e outros 330 mil indiretos. Portanto, estamos falando de números bastante expressivos.
As incubadoras e os parques dependem fundamentalmente da articulação direta entre as universidades, onde se gera o conhecimento e são formados os quadros técnicos e científicos (a mais importante missão da universidade), as empresas, onde se produz a inovação, e os governos, que devem priorizar o fomento às atividades de investigação e de inovação ( a “hélice tripla”).
O governo decidiu quebrar uma pá da hélice, extinguindo o Ministério da Ciência e Tecnologia, e incorporando-o ao Ministério das Comunicações e diminuindo o status das principais agências de fomento. Tal medida pode por a perder todo o esforço de décadas, que gerou uma cultura do desenvolvimento cientifico em nosso país, fortaleceu a pós-graduação, e permitiu avanços notáveis em algumas áreas.
É urgente e necessário levar outra vez a ciência e a tecnologia à condição de prioridades nacionais, determinantes para a concretização de um projeto de nação.
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