Para responder à pergunta, é preciso esclarecer o que se quer dizer com "inclusão no esporte". A prática esportiva conjunta para deficientes e não deficientes é uma meta perseguida há anos por todo o mundo, porém, geralmente somente no esporte de massa ou escolar. O esporte de alto desempenho, na maioria dos casos, se contenta com uma justaposição de ambos: primeiro os Jogos Olímpicos, depois os Paralímpicos, como apêndice, com mais de duas semanas os separando.
É claro que, do ponto de vista esportivo, a grande maioria dos portadores de deficiência não é capaz de acompanhar os não portadores. Por isso, "inclusão" não deve ser jamais entendida como uma confrontação entre os dois grupos. De fato, isso é algo que não faz o menor sentido dentro do espírito de competição justa – também não, aliás, quando atletas dotados de próteses high-tech biomecanicamente otimizadas correm ou saltam melhor do que os colegas, com suas pernas de carne e osso.
Verdadeira inclusão olímpica seria os torneios com portadores ou não de deficiência transcorrerem paralelamente, na mesma arena, diante do mesmo público. Isso não só valorizaria genuinamente o esporte com deficientes, como também evitaria situações como a atual, no Rio de Janeiro: os Jogos Paralímpicos 2016 estiveram manifestamente ameaçados de cancelamento, porque as verbas haviam sido todas gastas com os Jogos Olímpicos e os cofres estavam vazios.
Somente com a liberação a toque de caixa do equivalente a 70 milhões de euros pelos governos federal e estadual se conseguiu evitar "a pior situação na história do movimento paralímpico", como descreveu Philip Craven, presidente do Comitê Paralímpico Internacional (IPC).
Chega de tratar os Paralímpicos como "dever inconveniente" depois dos Jogos "de verdade". É exatamente essa a impressão que passa Thomas Bach quando, enquanto presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), permanece longe da cerimônia de abertura da Paralimpíada.
Os mais de 1,5 milhão de ingressos vendidos até o momento mostram o potencial que têm as competições com portadores de deficiência. Um bilhão espectadores diante das telas de TV provam perfeitamente, além disso, o alcance de massa das decisões.
Se, além disso, se conseguisse livrar as competições do estigma do fora do comum, de esporte restrito, então, todo o esporte de ponta galgaria um novo patamar. Decerto seriam necessários numerosos passos para tal, como, por exemplo, a simplificação do sistema de categorias de deficiências, que no momento serve para espantar os espectadores, por ser confuso. E os Jogos Paralímpicos deveriam ser mais concisos, no geral.
Até o evento no Rio, na realidade o IPC estava considerando encerrar sua atividade como associação profissional para atletas deficientes, transferindo a responsabilidade às diversas federações esportivas.
Algumas delas, como a de triatlo ou canoagem, já participam, organizando competições para portadores ou não de deficiência. Porém, muitas outras, como a de atletismo ou natação, praticamente não demonstram interesse nesse tipo de iniciativa. Sem um sinal claro do Comitê Olímpico Internacional no sentido da inclusão verdadeira no esporte de ponta, pouco deverá mudar.
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