segunda-feira, 14 de março de 2016

Ser ou não ser ministro, um dilema shakespeariano para Lula

As manifestações deste domingo acabaram com as ilusões de Lula, de Dilma e do PT. Em meio à derrocada do governo, com o fortalecimento do pedido de impeachment e o avanço dos processos para cassar a chapa Dilma/Temer na Justiça Eleitoral, o ex-presidente Lula, aos 70 anos, está diante do mesmo dilema de Hamlet, resumido na mais famosa frase criada por William Shakespeare – “Ser ou não ser, eis a questão”. No caso, a grande dúvida reside em decidir se vai forçar a barra para se tornar ministro, como última saída para escapar provisoriamente de uma prisão preventiva que se torna cada vez mais ameaçadora. Seus diversos advogados, com Nilo Batista à frente, ainda têm esperanças de que a juíza Maria Priscilla Oliveira recuse a denúncia oferecida semana passada pelo Ministério Público de São Paulo. Esperam que ela o faça nesta segunda-feira, em função da urgência que a situação requer.


Por mera coincidência, é claro, Lula pediu à presidente Dilma que aguardasse até esta segunda-feira para que ele enfim decida se aceita ou não o convite para ser ministro, embora ninguém o tenha convidado para tal, pois quem se apresentou voluntariamente para a função de pasta indefinida foi o próprio Lula, sob pretexto de se tratar de uma reivindicação do PT para debelar a crise política, vejam que enredo criativo está sendo urdido.

Nos últimos dias, Lula até ganhou um alento, porque Nilo Batista convenceu os advogados de José Carlos Bumlai a desistirem de convocar o ex-presidente a dar depoimento como testemunha de defesa. Ou seja, Lula não precisará ir nesta segunda-feira à sede da Polícia Federal em São Paulo, para responder às perguntas que o juiz Sérgio Moro iria lhe fazer, através de videoconferência.

Mas é um alívio temporário, porque as provas contra Bumlai também são abundantes, ele é um homem idoso, cheio de problemas, a defesa alega que ele está com câncer, ainda não há comprovação. Se não estiver doente, a delação premiada se tornará uma saída praticamente irresistível, não há amizade que resista a tanta pressão. Vamos aguardar a perícia médica.

Inventar o convite para ser ministro, não importa a pasta, pode ter sido fácil para Lula e Dilma, o difícil é criar um desfecho favorável, porque qualquer alternativa terminará sendo desastrosa para todos os personagens.

OPÇÃO 1) Se a juíza aceitar o pedido de prisão preventiva de Lula, a presidente Dilma agirá de forma insana caso mantenha o “convite” para protegê-lo sob a pasta do ministério. A chefe do governo estará cometendo crime de responsabilidade, tentando burlar a independência dos Poderes da República. O vexame internacional será patético, o impeachment se tornará inexorável.

OPÇÃO 2) Se a juíza recusar o pedido de prisão preventiva e Lula realmente virar ministro, o juiz Sérgio Moro enviará imediatamente ao Supremo um pedido de abertura de processo contra o ex-presidente, anexando as abundantes provas testemunhais e materiais já obtidas e pedindo a prisão imediata dele. Como o relator Teori Zavascki não vai querer sujar a própria biografia, levará a petição a exame da Segunda Turma, e o novo “ministro” Lula acabará despachando na cadeia, do mesmo jeito. O vexame internacional será maior ainda.

OPÇÃO 3) Lula e Dilma desistem dessa oportunística e vergonhosa nomeação, os advogados continuam defendendo o ex-presidente com a saraivada de recursos que caracteriza a estratégia de Nilo Batista, e o reality show da política brasileira seguirá seu curso, sem roteiro pré-determinado, mas com desfecho sem “happy end” para os principais participantes, pois Dilma fatalmente perderá a Presidência e Lula perderá a liberdade. É apenas uma questão de tempo. Trata-se de um enredo de terror e quem vai ganhar o Oscar é a força-tarefa.

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