“Sacanagem”, segundo o “Dicionário Aurélio”, é devassidão, bandalheira, libertinagem. E “sacana” é aquele que não tem caráter. É o mesmo que canalha, patife, malandro, sabido, espertalhão. Deduz-se, então, que, para o ex-presidente, a sua convocação, para depor na PF, é fruto da devassidão ou da bandalheira que tomaram conta do país, mas, sobretudo, da PF. Para esta, a sua convocação para depor foi, de fato, um grande feito da instituição. É mais uma confirmação de que, na República, “todos são iguais perante a lei”. Na verdade, a PF só exibiu a nudez do rei.
Dediquei-me, leitor, na última segunda-feira, a ler – da primeira à última linha (são 109 páginas!) – o depoimento que o ex-presidente Lula prestou à Polícia Federal. Exausto, depois dessa incrível xaropada, uma só pergunta me pedia resposta: como o cidadão Luiz Inácio Lula da Silva pôde chegar aonde chegou? E concluí que a arrogância e a esperteza foram os “atributos” responsáveis pela sua eleição e reeleição à Presidência da República, somados, obviamente, à ausência, muitas vezes consciente, dos que tinham, em todos os setores da vida nacional, o dever de “cuidar” do nosso país. Lula, inicialmente apoiado por operários, estudantes, professores, intelectuais, jornalistas, empresários e religiosos de renome etc., deixou uma banana para todos.
Quem errou mais? Ele ou eles? E nesses “eles” também me incluo. Cheguei a ter esperanças no ex-torneiro mecânico. O depoimento do ex-presidente à PF é um retrato fiel do que é e sempre foi. Ele, afinal, concedeu – de corpo inteiro – a maior “entrevista” da sua vida. Ela transita entre o pseudodrama e a comédia. Com certeza, será encenada num dos palcos do nosso criativo teatro.
Milhões de brasileiros, no último domingo, se voltaram contra a presidente Dilma, contra o ex-presidente Lula, contra o PT e contra a corrupção. Aos políticos, deixaram um recado claro de que não mais tolerarão os corruptos ou enganadores. E deram força à operação Lava Jato e ao juiz Sérgio Moro. Foram pacíficos e ordeiros. Deixaram gravada para sempre, na história, sua fé nas instituições democráticas.
Por fim, as manifestações do último dia 13 não só legitimaram o atual Congresso Nacional, mas o convocaram para a nobre missão de recolocar o país nos trilhos mediante o cumprimento do que estabelece a Constituição de 1988. Nada de semipresidencialismo ou semi-parlamentarismo. Sempre fui parlamentarista, mas a decisão sobre o sistema de governo é atribuição de um plebiscito, que pode ser convocado de novo. O governo da presidente Dilma acabou, desintegrou-se, e a ida do ex-presidente Lula para um ministério será a pá de cal sobre o moribundo.
Torçamos para que Dilma e Lula entendam que o fim chegou e que já passou da hora de libertarem o povo. E aqui me refiro, em especial, aos que ainda os apoiam. Ambos tiveram a sua vez. Não souberam conduzir o país ao seu destino de prosperidade, felicidade e paz. À presidente Dilma, porém, ainda resta um gesto – o da renúncia.
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