segunda-feira, 28 de março de 2016

O Brasil que queremos

Vê-se em todos os espaços o reconhecimento da importância das redes sociais na construção de uma nova realidade política e social. No mundo e no Brasil. É inegável que a internet, de alguma forma, substituiu parte considerável da imprensa na sua capacidade de penetrar na consciência das pessoas para fazê-las presentes em torno de temas antes reservados a segmentos bem identificados, muitos quase sempre próprios à classe política e às lideranças de acaso. A denúncia, o debate e a participação política se deslocaram para os meios digitais, e é daí, para quem fez tal opção, que se espera que as decisões emerjam. Nessas redes seus seguidores são amealhados e também aí se organizam concentrações, alegres encontros de domingo e veementes protestos. Soluções, nem sempre. Política, mais do que nunca, virou coisa de político, essa classe hoje evitada e segregada, de forma horizontal, numa generalização no mínimo perigosa, mas certamente desconstrutiva, míope, despótica. Os partidos também viraram lixo. Verdade que não é totalmente sem razão: nossos políticos, com exceções, claro, construíram essa repulsa, hoje consolidada na consciência de uma sociedade, reconheçamo-nos, pouco presente, omissa, imediatista e mal servida na estruturação de suas decisões. As que se dão através do voto, mais especialmente, torpe e infame. Escolhemos mal, elegemos pior e porcamente, no atacado.


Certamente é que hoje a opinião no Brasil é o resultado dos conceitos forjados nas redes sociais e os polos se dividem entre vermelhos ou coxinhas. Qualquer uma das duas designações é, no confronto de ambas, pobre, abominável, ineficaz a não ser para gerar palavrões e sopapos. São identificados como quem grita ‘fora’, é contra a corrupção, contra a bandalheira, contra o nepotismo, os favores pagos pelo dinheiro público, contra a alta carga tributária. Bem pensando, todo Brasil quer mudanças. Propostas, temos poucas; do preço que se pagará por elas ninguém quer saber, mas se desejam mudanças. Queremos reformas. Somos, todos, contra a corrupção e as bandalheiras, especialmente porque ela não é uma prática horizontalizada, republicana; esta que combatemos está reservada a uns poucos ‘felizardos’, ladrões, grupo que, graças a Deus, não integramos. Também não aprovamos o nepotismo, o empreguismo, os favores obtidos na intimidade dos gabinetes. Somos concursados, ainda que um dia alguns tenham ingressado na folha do serviço público em cargos menores e obtido promoções das formas mais abomináveis e imorais; não importa o jeitinho. Somos também contra a alta tributação do trabalho e da produção, muito embora muitos aceitem comprar produtos e serviços mais baratos sem nota fiscal, sem recibo, sem registros, o que frauda a arrecadação de impostos. Dependendo, somos contra conquistas dos trabalhadores ou por elas lutamos. Questão de lado e opção de justiça social.

O certo é que estamos longe do ideal. Não se constrói uma nação com falcatruas, com negociatas, com mentiras, com o assalto sistemático e criminoso ao caixa do erário e ao patrimônio público. Mas também não chegaremos a lugar algum com a intransigência, com a segregação, com o ódio, com a força e com a violência. Precisamos de coragem, de grandeza, de renúncias, de participação, de reformas urgentes, reais e factíveis. Querendo ou não, virar essa página vai requerer sacrifícios. Trabalho e consciência nacional.

Nenhum comentário:

Postar um comentário