Lula, Dilma Rousseff e a tropa petista ficaram escandalizados com a decisão do juiz federal Sergio Moro de suspender o sigilo dos autos da 24.ª fase da Operação Lava Jato. Eriçaram-se especialmente com a divulgação dos grampos que captaram conversas telefônicas de Lula durante 27 dias. O caudilho e sua criatura, desesperados, vociferaram contra o secundário para tentar fugir do essencial: a presidente da República cometeu crime de obstrução da Justiça, dando à Câmara dos Deputados motivos mais que suficientes para avançar no impeachment. É disso que se trata.
Informado pela força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, concordou com o pedido para a revogação do sigilo das interceptações telefônicas que captaram uma conversa entre a subpresidente Dilma Rousseff e o presidente de fato Luiz Inácio Lula da Silva. Janot disse que a divulgação da conversa entre Lula e Dilma não afrontou as garantias constitucionais da Presidência, pois o alvo da interceptação era o ex-presidente, que não contava com foro privilegiado.
O governo tenta desviar o foco do principal, que é de grande relevância: o crime de obstrução da Justiça praticado pela presidente da República. A divulgação do diálogo entre Lula e Dilma evidencia que o intuito da nomeação de Lula para a pasta da Casa Civil foi blindá-lo do pedido de prisão preventiva que seria examinado pelo juiz. Tal gravação comprova que foram feridos quatro princípios fundamentais da administração pública, listados na Constituição da República: o princípio da moralidade (nomeação para ministro de Estado de um investigado por corrupção), o da impessoalidade (nomeação no interesse pessoal do amigo, e não no interesse público), o da eficiência (nomeação exclusivamente para blindá-lo, não em virtude dos atributos para o exercício do cargo) e o da legalidade (desvio de finalidade na nomeação).
Sergio Moro tinha o dever de tomar a providência. Se não o fizesse, seria até caso de prevaricação. Como salientou recente editorial do jornal O Estado de S. Paulo, esse “episódio mais a divulgação das gravações feitas com autorização da Justiça das conversas telefônicas de Lula prestaram ao País o importante serviço de mostrar exatamente o que o chefão do PT, a presidente Dilma e seus interlocutores pensam a respeito do atual cenário político. Graças à correta iniciativa do juiz Sergio Moro de levantar o sigilo das gravações, os brasileiros puderam constatar, de maneira indesmentível, que com essa gente não há ‘conversa republicana’”.
O que se ouve nos diálogos de Lula mostra a recorrente intenção de cometer ilegalidades e de usar o Estado em seu proveito e proteção. “Era preciso você chamar o responsável e falar ‘que porra é esta?’”, ordenou Lula ao ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, referindo-se à Receita Federal. O ex-presidente havia sugerido ao ministro acompanhar o que a Receita fazia juntamente com a Polícia Federal, avisando que o Instituto Lula mandaria para ele as informações sobre a atuação dos fiscais. O ministro diz: “Conta com a gente para o que der e vier”. Que apoio o ministro oferece ao ex-presidente?
Lula continua: “Você precisa se inteirar do que eles estão fazendo no instituto”. O ministro comenta que “eles fazem parte”. Quer dizer que a Receita integra a Operação Lava Jato. Lula diz que, se “eles fizessem isso com meia dúzia de grandes empresas, resolvia a arrecadação do Estado”. Diante dessa proposta de uso da Receita, o ministro diz “uhum”.
Depois de mandar que o ministro chame o responsável para admoestá-lo com palavrões, ele dá a lista dos que gostaria que fossem alvos, “a Globo, o Instituto Fernando Henrique Cardoso, o SBT, a Record”, e solta outros palavrões. O ministro em resposta pede que Paulo Okamotto envie para ele os papéis do instituto. Lula reclama de que uma investigação contra a revista Veja está parada desde 2008. E manda outro palavrão aos agentes da Receita Federal. O ministro disse que mandou apurar a razão de haver “velocidade diferente” de investigação.
Ao contrário do que Lula costuma apregoar, nada no diálogo é republicano. É uma tentativa clara de uso e controle da Receita Federal.
Enlouquecidos com o poder, Lula e os companheiros se mostram nos grampos em toda sua feiura moral. Debochados, grossos, cínicos, preconceituosos, arrogantes. Os melhores trechos são aqueles em que Lula e seus seguidores revelam o que têm por dentro: mentira e hipocrisia.
Numa conversa com a presidente da República, por exemplo, Lula se queixa da imprensa e da Lava Jato. Reclama da falta de reação: “Nós temos uma Suprema Corte totalmente acovardada, nós temos um Superior Tribunal de Justiça totalmente acovardado, um Parlamento totalmente acovardado. Somente nos últimos tempos é que o PT e o PCdoB começaram a acordar e começaram a brigar. Nós temos um presidente da Câmara fodido, um presidente do Senado fodido. Não sei quantos parlamentares ameaçados. E fica todo mundo no compasso de que vai acontecer um milagre e vai todo mundo se salvar. Sinceramente, eu tô assustado com a República de Curitiba”.
Na imagem produzida pelo marketing petista, o governo apoia as investigações e a independência do Judiciário. No escurinho do celular, Lula quer esculhambar as instituições e acabar com a Lava Jato.
O juiz Sergio Moro atendeu ao princípio da publicidade ao retirar o sigilo da gravação, já que o interesse público justifica claramente sua divulgação. Não houve invasão da privacidade do ex-presidente. A informação era um dever. É uma clara questão de interesse público. Os grampos rasgaram a embalagem e mostraram o produto. Lula, despido das lantejoulas de João Santana, é torpe e indigno. Um triste capítulo da nossa História.
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