quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Os caminhos tortuosos da cultura inovadora

A geração de uma cultura de inovação constitui, em conjunto com culturas do empreendedorismo e da educação continuada, uma das bases para a construção dos processos de crescimento sustentável.

Um dos maiores problemas que enfrentamos reside na enorme dificuldade de definir um caminho para a inovação nas empresas, de forma a torná-las mais competitivas.

Na sociedade do conhecimento, a competitividade das empresas pode ser medida pela adequada utilização de três variáveis: inovação, conhecimento e empreendedorismo. O equilíbrio entre elas é determinante para o sucesso dos empreendimentos, pois, por exemplo, um bom empreendedor, que não tenha conhecimento, dificilmente conseguirá chegar a produtos inovadores.

Bons cientistas, atuando em áreas estratégicas, não conseguem sucesso nas suas empresas, porque, embora levem para elas o conhecimento, não reúnem as qualidades de empreendedor. A maior parte das micro e pequenas empresas, pressionada pela instabilidade econômica, costuma trabalhar “apagando incêndios”. Dessa forma, a criatividade acaba por dar lugar à produtividade.

Costuma-se afirmar que a cultura da inovação depende, essencialmente, do efetivo compromisso de quadros das empresas, considerando-se se eles estão ou não dispostos a dedicar tempo e dinheiro para a inovação, mesmo sabendo dos riscos que surgirão. Depende, também, da existência de um ambiente de trabalho que estimule o tempo livre para criar e recompense os técnicos mais criativos.

Outros aspectos relevantes são: o estabelecimento claro dos objetivos da inovação para a empresa (para que inovar?), a definição dos públicos que serão atingidos pelos produtos inovadores (para quem inovar?), e da capacidade da equipe técnica em realizar produtos inovadores (estamos preparados para inovar?). Essa é uma das grandes dificuldades, pois nem sempre é fácil encontrar profissionais qualificados e capazes de agir com pró-atividade no ambiente empresarial.

Nosso desempenho no ranking global de inovação e no de competitividade têm sido medíocre, pois a infraestrutura e a logística, que compõem o “Custo-Brasil”, ainda não foram solucionadas. Além disso, é preciso estabelecer correlação entre o grau de maturidade tecnológica de cada empresa e o tipo de envolvimento com a inovação.

De acordo com a sua maturidade, a competitividade das empresas pode ser melhorada com informações, reengenharia, metrologia e conhecimento, contribuindo para as inovações incrementais, caracterizadas por pequenas mudanças, e para as radicais, estas envolvendo as áreas da fronteira do conhecimento.

Os resultados ruins são influenciados pelo despreparo das empresas e pela educação, nela incluídos os cursos de pós-graduação, que necessitam de qualidade e modernidade para que os profissionais estejam habilitados à enfrentar os desafios trazidos pelos avanços do conhecimento.

Como sempre, esbarramos na insolúvel questão da má qualidade de nossa educação.

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