Num misto de justiça lenta com excesso de proteção ao inquilino, aquela desgraceira durou dois anos. Não sem antes minha mãe gastar uma pequena fortuna com advogados, ser acusada pelo resto do conjunto residencial onde morava de ser “dona de bordel” e entrar na fila do “fiel depositário” na prefeitura, pois o vigarista deixou mobília no imóvel, que tem que ser fotografada e retirada com a supervisão da prefeitura, sob o risco de cadeia para o proprietário, é mole?
Não restou a ela outra alternativa que não vender o imóvel para pagar as contas de água e luz deixadas para trás, as ligações clandestinas feitas pelo bandidão e outros prejuízos igualmente indecentes, impostos a uma “senhora exploradora do sistema” . Quem estiver pensando: “Puxa, que azar. Ainda bem que não foi comigo”, pode tirar seu cavalinho da chuva, que está molhando a crina.
É essa, exatamente essa, a história do Brasil. Ou alguém aqui acha que a inquilina daquele palácio está fazendo algo diferente do estelionatário que invadiu a casa de minha falecida mãe? O bordel é o mesmo, as ligações clandestinas as mesmas… Trabalho de profissionais do crime, meus caros. Gente disposta a não sair do lombo nunca. E com uma justiça ainda aparelhada em favor da criminalidade reinante.
E a inquilina, roubando água e luz dos brasileirinhos, afirmando que não fez nada de errado para ser defenestrada rampa abaixo? O Brasil precisa de uma limpeza ampla, geral e irrestrita, meus amigos. Se bobear, as duas poltronas deixadas para trás pelo vigarista profissional que atacou minha mãe anos atrás ainda dormem em algum galpão da prefeitura. Tudo pago com o meu, o seu, o nosso dinheiro. É uma afronta. Um embuste. Uma picaretagem. Até quando?
Vlady Oliver
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