Pertenci a uma geração em que as meninas não faziam curso superior, quando muito estudavam pedagogia, e se preparavam para ser mães de família. Fui exceção à regra porque sempre adorei estudar e sempre trabalhei fora. (Até hoje estudo muito e ainda sofro pesadamente por já estar aposentada. Gostaria de fazer ainda uma porção de coisas. Mas ninguém quer dar um bom emprego a alguém de mais de 70 anos).
Pouco depois, isso mudou, e todos, rapazes e moças, demandavam os cursos superiores e empregos bons. É claro que estou me referindo aos de classe média: os pobres ficavam retidos nos cursos elementares ou eram obrigados a aceitar o emprego que aparecesse, sem qualquer qualificação mais sofisticada. E os ricos? Bem, os ricos sempre têm direito a escolher. Agora vejo crescer um fenômeno desconcertante e que não se restringe a este ou àquele país do mundo.
De um lado, o desespero dos que querem estudar e que, em busca de seu diploma de curso superior, aceitam bolsas que vão ter de pagar depois de formados. Dia desses, encontrei uma fluminense nessa situação: a jovem, já mãe de uma filha, casada, está terminando sua tese de doutoramento ainda pagando o curso superior que conseguiu fazer a duras penas. Escusado dizer que ela ainda acumula todos os seus esforços com um emprego que lhe demanda muita atenção. Mas ela ainda tem sorte, porque a maioria dos jovens pobres entre 18 e 25 anos são os que mais sofrem com o desemprego que se abate sobre as sociedades, dominadas pela loucura do capital financeiro e dos governantes que a ele servem. Então, você encontra legiões de desesperados buscando qualquer “bico” para ganhar qualquer coisa e sobreviver.
Doutro lado, um grupo grande de jovens de classe média que nem querem estudar, nem querem trabalhar. São denominados juventude “nem-nem”. Têm todas as condições para ir a boas universidades e não conseguem se adaptar a nenhuma rotina de estudo. Têm condições de obter um razoável emprego e optam por vagar por aí, sem eira nem beira.
Conheci uma jovem assim em Berlim. Encantadora, fala mais de uma língua, se vira, como dizem eles, por diversos lugares. Já morou na Argentina, passou pelo Brasil, frequentou a universidade em Göttingen, na Alemanha, e com pouco tempo largou-a e foi bater pernas no Laos, na Tailândia e no Vietnã. Agora, faz trabalhos eventuais como garçonete em Berlim.
Estou também às voltas com um jovem que está do mesmo jeito, matriculado numa boa universidade nos Estados Unidos e que não quer fazer coisa alguma. Enquanto a mãe dá duro para sustentá-lo e ao irmão, ele fica no lero-lero. E o avô pagando caro os cursos em que ele toma bomba sistematicamente.
Conversei muito, recentemente, com os dois, em separado. E fiquei chocada com o desencanto de ambos: não têm nenhum ideal, não desejam coisa alguma, nada os move. O que pode explicar esse desencanto?
Conheci uma jovem assim em Berlim. Encantadora, fala mais de uma língua, se vira, como dizem eles, por diversos lugares. Já morou na Argentina, passou pelo Brasil, frequentou a universidade em Göttingen, na Alemanha, e com pouco tempo largou-a e foi bater pernas no Laos, na Tailândia e no Vietnã. Agora, faz trabalhos eventuais como garçonete em Berlim.
Estou também às voltas com um jovem que está do mesmo jeito, matriculado numa boa universidade nos Estados Unidos e que não quer fazer coisa alguma. Enquanto a mãe dá duro para sustentá-lo e ao irmão, ele fica no lero-lero. E o avô pagando caro os cursos em que ele toma bomba sistematicamente.
Conversei muito, recentemente, com os dois, em separado. E fiquei chocada com o desencanto de ambos: não têm nenhum ideal, não desejam coisa alguma, nada os move. O que pode explicar esse desencanto?
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