E há mais. Até a volta do Lula elegível está balançando o coreto de Bolsonaro, pois ela representa a ameaça de uma possível derrota numa eventual disputa eleitoral em 2022. Se os dois fossem para um segundo turno, o petista obteria 52% dos votos contra 34% do capitão, prevê uma pesquisa.
Em outra, o sonho da “pátria armada”, tão caro ao belicoso presidente, cai por terra, porque 72% dos brasileiros são contra a flexibilização da compra e do uso das armas. Com certeza, não querem estimular mais mortes — devem achar suficientes as 375 mil causadas por coronavírus e as 40 mil vítimas fatais de homicídio. Por via das dúvidas, a ministra Rosa Weber, do STF, suspendeu os decretos presidenciais com o mesmo objetivo.
“Por que o governo teme a CPI?”, queria saber em 2007 o então deputado federal Jair Bolsonaro, com a mesma pergunta que se faz hoje a ele, presidente. Ontem, como hoje, não houve resposta — talvez por não ser necessária: os fatos e as evidências respondem por si.
Bolsonaro fez o possível para impedir a instalação da CPI. Depois, tentou sabotá-la; em seguida, se movimentou para conseguir a maioria dos membros. O resultado é que, dos 11, quatro são governistas, três oposicionistas e quatro independentes. No domingo à noite, a GloboNews reuniu os senadores Omar Aziz e Renan Calheiros com os jornalistas Cecilia Flesch, Natuza Nery e Valdo Cruz para um debate inédito. Pela primeira vez, os membros de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (eles são os prováveis presidente e relator da CPI da Covid) vêm a público se comprometer que “tudo será investigado com absoluta isenção”. Eles pretendem convocar 15 nomes da cúpula do governo, entre os quais o ministro Paulo Guedes, além dos ex da Saúde, como Pazuello, os que o precederam e o atual. “Queremos também saber do ministro das Relações Exteriores por que Putin já se vacinou e nós ainda não temos a Sputnik. Assim como queremos descobrir quem lançou a tese da imunidade de rebanho.” Aziz, que é considerado independente, afirma que o governo “não fez absolutamente nada para impedir a entrada do vírus”. Ele deu como reforço de seu empenho em investigar tudo desde o começo o fato de ser do Amazonas, tendo vivenciado o sofrimento de seus conterrâneos.
Quando um deles disse que deixariam um “protocolo”, Natuza interrompeu, expondo sua “desconfiança”, porque a tarefa da CPI é sobretudo “passar a limpo”, descobrir e responsabilizar os culpados. Os senadores tentaram tranquilizar a jornalista, prometendo que não fariam apenas um “diagnóstico”, mas, sim, uma investigação completa.
Por fim, garantiram que não há a possibilidade de tudo acabar em pizza, como em tantas outras CPIs. É o que todos nós esperamos.
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