E, em vez de sediar a ansiada marcha dos civilizados sobre os bárbaros, a quarta foi de cinzas, entre festa e ressaca. Na quinta, Biden, tudo indica, venceu; mudará a configuração política do planeta. Não é pouco. Mas foi por pouco. Governará no meio a meio, Câmara e Senado partidos, Suprema Corte adversa.
As urnas atestaram o tamanho do apoio à pessoa, aos valores e às atitudes do presidente. Depois de quatro anos sob sua égide, o inaceitável para a metade azul soou bom o bastante para a vermelha. Trump perdeu a rodada, mas o conservadorismo ostentou seu enraizamento.
A derrota é tranco para adeptos do "make my country great again" mundo afora, mas não é antídoto que reponha o Ocidente no jazz de Clinton-Blair. Embora Trump fosse sua face mais vistosa, uma rede internacional de extrema direita se desenvolve desde a valsa Reagan-Thatcher.
A internet está infestada com suas publicações, campanhas, movimentos. Há conspiratórios e patéticos, mas não faltam os astutos. Santiago Abascal é desta espécie. Embora trumpistas de carteirinha em momento barata tonta, os Bolsonaros não ficarão no desamparo. Como são bons em diversificar investimentos, já tinham incluído o líder do Vox em sua carteira.
Quem cuida da bolsa internacional da família é o 03. Depois de se enlaçar com os reacionários norte-americanos e organizar convenção internacional conservadora, aproximou-se da extrema direita espanhola. Em junho, Eduardo entrevistou Abascal no YouTube. Gentilezas de lado a lado, o espanhol se excedeu: elogiou o domínio do castelhano pelo brasileiro.
Em cinco anos, o Vox virou o terceiro partido no país. Segundo Eduardo, Abascal segue "el mismo camino exacto" de seu pai. De fato, embora mais elegante e informado que a família presidencial brasileira, compartilha a autodefinição como "patriota" e a imodéstia na avaliação do próprio peso.
Em entrevista, no fecho das eleições que fizeram do partido andaluz força incontornável, foi categórico: o Vox mudou o debate na Espanha. Como Trump e Bolsonaro, quebrou a cerca do politicamente correto: "O marxismo cultural tinha decretado quais eram os debates proibidos, diziam do que se podia e do que não se podia falar". Agora a agenda pública se disputa.
Abascal projeta a sua globalmente. Criou a Fundación Disenso e, mês passado, o "Foro de Madrid", para "frear o avanço comunista", o aborto e a "ideologia de gênero". Arregimentou para sua "Carta de Madrid" 17 líderes de direita de 15 países, entre gente de governos, partidos, think tanks, proselitistas, jornalistas e empresários, muitos na casa dos 40 e 50 anos. Trata-se de nova e aguerrida geração de conservadores.
A carta denuncia o "sequestro" de parte da "iberoamérica" por "regimes totalitários de inspiração comunista, apoiados pelo narcotráfico", que, liderados por Cuba, Foro de São Paulo e Grupo de Puebla, imporiam seu "projeto ideológico e criminoso" de "desestabilizar as democracias liberais."
É extremismo distinto dos parentes dos anos 1940. Seu lema é "Iberoesfera e liberdade". Não joga contra as instituições liberais, joga dentro delas. Em vez de destruí-la na base da quartelada, interpreta capciosamente regras e brechas da democracia. Luta por moldá-la à sua maneira, disputa seu sentido.
Quem cuida da bolsa internacional da família é o 03. Depois de se enlaçar com os reacionários norte-americanos e organizar convenção internacional conservadora, aproximou-se da extrema direita espanhola. Em junho, Eduardo entrevistou Abascal no YouTube. Gentilezas de lado a lado, o espanhol se excedeu: elogiou o domínio do castelhano pelo brasileiro.
Em cinco anos, o Vox virou o terceiro partido no país. Segundo Eduardo, Abascal segue "el mismo camino exacto" de seu pai. De fato, embora mais elegante e informado que a família presidencial brasileira, compartilha a autodefinição como "patriota" e a imodéstia na avaliação do próprio peso.
Em entrevista, no fecho das eleições que fizeram do partido andaluz força incontornável, foi categórico: o Vox mudou o debate na Espanha. Como Trump e Bolsonaro, quebrou a cerca do politicamente correto: "O marxismo cultural tinha decretado quais eram os debates proibidos, diziam do que se podia e do que não se podia falar". Agora a agenda pública se disputa.
Abascal projeta a sua globalmente. Criou a Fundación Disenso e, mês passado, o "Foro de Madrid", para "frear o avanço comunista", o aborto e a "ideologia de gênero". Arregimentou para sua "Carta de Madrid" 17 líderes de direita de 15 países, entre gente de governos, partidos, think tanks, proselitistas, jornalistas e empresários, muitos na casa dos 40 e 50 anos. Trata-se de nova e aguerrida geração de conservadores.
A carta denuncia o "sequestro" de parte da "iberoamérica" por "regimes totalitários de inspiração comunista, apoiados pelo narcotráfico", que, liderados por Cuba, Foro de São Paulo e Grupo de Puebla, imporiam seu "projeto ideológico e criminoso" de "desestabilizar as democracias liberais."
É extremismo distinto dos parentes dos anos 1940. Seu lema é "Iberoesfera e liberdade". Não joga contra as instituições liberais, joga dentro delas. Em vez de destruí-la na base da quartelada, interpreta capciosamente regras e brechas da democracia. Luta por moldá-la à sua maneira, disputa seu sentido.
Os extremistas são muitos e estão em muitos países. Neste mundo kafkaniano, Trump não é um Gregor Samsa solitário, nem sairá de cena com a mesma discrição.
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