sábado, 2 de maio de 2020

'Presidente, assuma sua irresponsabilidade'

Desde que tivemos conhecimento da primeira transmissão comunitária da Covid-19, no dia 13 de março, tomamos imediatamente as medidas restritivas no estado do Rio, que estão sendo tomadas em todo o mundo, cada país com suas peculiaridades e características. Todas as decisões foram baseadas em autoridades sanitárias, infectologistas e nosso secretário de Saúde, Edmar Santos. As ações de contenção do vírus, todos sabemos, são duras e têm consequências econômicas. Sempre soubemos disso. Mas a decisão sempre foi priorizar a vida das pessoas. Pessoas que perdem suas vidas não trabalham.

O coronavírus atinge o mundo inteiro. Mas só no Brasil isso virou política. O núcleo bolsonarista e seu gabinete de "fake news" insiste na estapafúrdia tese de conspiração política. Algo como “os governadores querem destruir a economia para enfraquecer o Bolsonaro”. Ora, se essa tese fosse transportada para todo o mundo, seria o caos mundial. Em todos os lugares do mundo, o isolamento social foi entendido como absolutamente necessário. Como uma ação de sobrevivência em meio a uma guerra. Uma guerra humanitária e de saúde como nunca vista antes.

Logo depois da iniciativa do estado do Rio, governadores de todo o Brasil seguiram a mesma linha. E decidiram por proteger seus cidadãos desse vírus letal. O mais letal da nossa geração.

Sabíamos que, com o comércio fechando as portas, com os empresários em dificuldade, com as pessoas que mais precisam em desespero, que o estado teria que atender a todos. Mas é aí que a tese de bolsonaristas, defendida pelo presidente da República, nos deixa atônitos. O presidente, que trata o Covid-19 como uma "gripezinha” ou “resfriadinho”, manda-nos recados semanais de que a conta a ser paga pela decisão dos governadores pelo isolamento social é nossa. E esse é o absurdo dos absurdos. O papel do governo federal é imediatamente socorrer os estados. Não é um favor. É uma obrigação. Não é uma perseguição pessoal, como faz crer o presidente da República. Socorrer os estados é socorrer o povo. Essa narrativa pobre e pueril de que devemos pagar a conta não vai prosperar. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário