Os "arrependidos" queriam o fim da corrupção para livrar o país da praga, elegendo quem usava laranjas e fazia escancaradamente rachadinha em gabinetes políticos. Para a limpeza ética, convocaram os igualmente sujos. E fiéis seguidores da milícia, usaram a tropa para arrebanhar votos.
Aplaudiram os planos mágicos de uma economia de privilégios ao dinheiro para quem o país melhoraria se os fundos de proteção ao trabalhador fossem limpos, seus salários achatados. Como agora, defendem a redução salarial nas empresas com a redução do trabalho, mas descartam qualquer medida idêntica na privilegiatura do serviço público.
Os "arrependidos", diante da pandemia, são a cara daqueles alemães das cidades próximas levados pelo Exército norte-americano para conhecer os campos de concentração bem debaixo de seus narizes. Faziam cara de horror, punham lenço no nariz para tapar a podridão, e na cara de pau diziam desconhecer as atrocidades contra os judeus. Mas as suas cidades muitas vezes eram cobertas de fumaça de cheiro estranho (carne e osso queimados) e fuligem dos crematórios funcionando dia e noite.
Se arrependimento matasse para valer, ao menos serviria para fazer uma limpeza com milhares de suicídios por vergonha na cara. No Japão, o seppuku é a solução dos verdadeiramente envergonhados por mancharem a honra dos ancestrais e familiares em crimes como corrupção ou improbidade administrativa.
Quem acredita que isso aconteceria no Brasil? Resta apenas o arrependimento de carteirada. Em redes sociais e na própria mídia, multiplica-se esse vírus da falta de vergonha, que felizmente não pega, mas é cúmplice por mais que queira se esconder agora entre os mortos, os doentes, os necessitados e todo o sofrimento.
Luiz Gadelha
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