sábado, 7 de setembro de 2019

Bolsonaro age como ditador e pensa(?) que pode blindar o filho Flávio e o assessor Queiroz

O presidente Jair Bolsonaro tem um comportamento bipolar à frente do governo. Ao mesmo tempo em que se omite sobre os principais temas da gestão, dizendo que as soluções cabem exclusivamente aos ministros, que serão substituídos caso não deem certo, o chefe do governo agora passou a interferir nas nomeações das autoridades que lidam diretamente no combate ao crimes de corrupção.

Antes de assumir, quanto tudo ainda eram flores, Bolsonaro tinha postura diferente e determinou que passasse para o Ministério da Justiça (leia-se: Sérgio Moro) a gestão do mais importante órgão público para identificar casos de lavagem de dinheiro – o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que até então era gerido pelo Ministério da Fazenda.

Como diria Vinicius de Moraes, de repente, não mais que de repente, as coisas mudaram. O ministro Sérgio Moro foi perdendo a autonomia, o governo deixou para segundo plano o combate à corrupção, o pacote de medidas anticrime passou a caminhar vagorosamente no Congresso, que deu preferência à célere aprovação de uma esdrúxula Lei do Abuso de Autoridade.

E o presidente do Supremo, Dias Toffoli, entrou roubando a cena, ao criar um inquérito totalmente ilegal, destinado a interromper investigações do Coaf sobre autoridade com movimentações financeiras atípicas ou inconsistências nas declarações de renda e bens, como o próprio Toffoli, seu companheiro Gilmar Mendes e as respectivas mulheres.

Com a entusiástica conivência de Bolsonaro, o Coaf voltou a ser gerido pela área econômica, mudou de nome e qualquer pessoa agora pode participar do Conselho, por indicação política, os auditores fiscais não têm mais exclusividade funcional.

Além disso, o solícito e criativo Toffoli deu um jeito de interromper centenas de investigações do Coaf, da Receita e do Banco Central, e “blindou” expressamente o senador Flávio Bolsonaro e seu ex-assessor Fabrício Queiroz, fazendo o presidente da República vibrar: “Toffoli é nosso!” – proclamou Bolsonaro.

Simultaneamente, chefe do governo começou a intervir pessoalmente para demitir o diretor da Polícia Federal e o superintendente no Rio, disposto a completar a blindagem, e vai também nomear um procurador-geral da República esculpido sob medida, digamos assim.

Em tradução simultânea, fica claro que Bolsonaro pensa (?) que, ao mudar os técnicos, pode alterar as regras do jogo. Em seu delírio de poder, não percebe que as coisas não funcionam assim, ninguém jamais conseguirá imobilizar auditores, juízes, procuradores e policiais em regime de plena democracia.

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