Em 1970, durante o milagre brasileiro, o partido governista, a Arena, venceu as eleições com facilidade. A partir de 1974, em virtude do influxo econômico decorrente da primeira crise do petróleo, a oposição, abrigada sob a frente denominada MDB, passou a lograr resultados eleitorais cada vez melhores. Em 1978, instituiu-se o “senador biônico”, não eleito pelo povo, o que garantiu à Arena a maioria no Senado.
A criação jurídica do voto vinculado é largamente atribuída ao brilhantismo de Leitão de Abreu.
Essa concepção uniformizadora, como várias outras questões estruturais do Brasil, não foi alterada pela atual Constituição. Conservando a ideia de partidos nacionais, com numeração nacional, ela manteve a coincidência nacional de eleições e a uniformidade nacional dos mandatos quadrienais.
Assim, a cada eleição, o Brasil exibe ao mundo gigantesca manobra militar, verdadeira ordem unida nacional, a qual, reverenciando Leitão de Abreu, bate continência às instituições eleitorais do regime militar. Somente nesse contexto, somente num país tão uniformizado, pode-se usar urna eletrônica. Como tal uniformidade não tem paralelo, é quase impossível aos demais países adotá-la.
A urna eletrônica, sintoma da permanência de instituições políticas do regime militar, é segura e evita as fraudes em papel. Ela não deve ser motivo de sensação do complexo de vira-lata.
A vergonha é não ter ocorrido, desde 1988, reforma política que permita a democratização do Brasil, enterrando de vez as instituições do regime militar.
Rodrigo Lopes e Felipe Deiab
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