sábado, 16 de janeiro de 2016

O maior mal de todos

Em 2001, Delcídio foi eleito Senador com 500 mil votos no Mato Grosso do Sul. Antes disso, como engenheiro eletricista, com apenas 28 anos, atuou em Tucuruí, uma das maiores e mais importantes usinas hidrelétricas do Brasil. Chegou a ter sob seu comando mais de 60 mil trabalhadores e um orçamento gigantesco. Também foi diretor da Shell na Holanda. De volta ao Brasil, assumiu a Eletrosul e, em seguida, a Secretaria Executiva do Ministério de Minas e Energia. Foi também presidente do Conselho de Administração da Companhia Vale do Rio Doce. Em 2005, ficou conhecido nacionalmente ao presidir a CPI dos Correios, que investigou o mensalão durante o primeiro mandato do ex-presidente Lula.

Delcídio está preso desde o dia 25 de novembro, há quase dois meses, quando passou a ser chamado de Delcídio DO Amaral. Até então, era o líder do PT no Senado e seu nome mal era cogitado no escândalo do Petrolão. A dúvida a respeito das nomeações de diretores da Petrobras o beneficiavam, como faziam com Collor, Calheiros, Lobão e outros membros das alcateias petistas, pepistas e peemedebistas. A gravação do filho de Cerveró encerrou todas as dúvidas e o primeiro Senador da República foi preso no exercício de seu mandato desde a redemocratização do país. Foi para a cadeia, de onde não sairá tão cedo.



Agora duas ou três ponderações que me remetem ao título deste artigo: O sujeito que comandou a CPI que redundou em inéditas cassações, demissões e prisões de ministros, deputados, empresários e banqueiros, o parlamentar que trabalhou com decência na condução da CPI mais importante da história do Brasil, não aprendeu absolutamente nada, mas nos ensinou duas coisas: uma, que neste país ninguém tem medo da lei, da cadeia e ninguém tem vergonha na cara. Nenhuma! Ele demonstrou, com seu comportamento, que o crime compensa, desde que no Brasil do PT de Lula e de Dilma, de Dirceu, Barroso e de Lewandowski, de Renan, Sarney, Collor e de Eduardo Cunha. Este era Delcídio Amaral.

Outro detalhe que não me passou despercebido é que, ao ser preso em novembro passado, a imprensa, ainda que subliminarmente, tratou de criar uma “distinção” entre o justo Delcídio Amaral de 2005 e o bandido Delcídio DO Amaral de 2015. Não conseguiu e jamais conseguiria. Trata-se do mesmo sujeito, que até tucano foi, mas que se acertou mesmo foi no ninho do Partido de Zeca e de Lula, o Partido dos Trabalhadores.

A vergonhosa prisão do Senador da juba branca e abundante, tramando a fuga de um denunciado na Operação Lava-Jato comprovou também outra triste suspeita: Os casos se repetem e nada os detém. Não há leis novas que venham a coibir reedições de crimes semelhantes, não há modificações nos códigos para que punições sejam ainda mais rigorosas e sumárias e, acima de tudo, não há nenhuma instituição que se encarregue de assegurar que os crimes tenham nova “dosimetria”, ampliada visando fazer da política um “campo minado” para políticos novos e velhos com intenções nada republicanas.

O crime político é um crime que lesa os mais pobres. O crime cometido por políticos é hediondo por natureza, pois ele mata, fere e aleija a sociedade inteira. Crimes cometidos por pessoas no setor público são crimes de responsabilidade ainda maior e a punição deveria ser a mais severa e rápida quanto possível.

Este deveria ter sido nosso tema de casa que, uma vez feito corretamente a partir da Ação Penal 470, teria mantido Delcídio sem o DO e todos nós continuaríamos com a memória do correto e nobre parlamentar de boa no caso do Mensalão. O mal maior é a certeza de que ele acontecerá de novo
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