De acordo com Moro, a divulgação dos processos da operação Lava Jato significa “a democratização do poder”. “Divulgá-los é um dever constitucional”, resumiu ele, em resposta aos que o acusam de promover o desequilíbrio do julgamento em favor da acusação.
Lula, porém, não se cansa. Na última sexta-feira, por exemplo, em conversa com funcionários da Petrobras, enviou o seguinte recado aos seus adversários, ao mesmo tempo em que se lembrava dos ex-presidentes Getúlio Vargas e Jango: “Não vou me matar, não vou sair do país. Eu vou para a rua”. E, esquecendo-se de que não é mais presidente nem ocupa qualquer outro cargo público, arrematou, destemido: “Se quiserem me derrubar, vão ter que me derrubar na rua”.
Tanto Dilma quanto Lula têm se saído muito mal nas suas inúteis tentativas de explicar o inexplicável. O desespero bateu definitivamente à porta dos dois e, agora, leitor, aumentou com a recente pesquisa sobre o baixo índice de popularidade de ambos. Talvez seja essa a causa principal dos absurdos que andam destilando por aí.
No sábado passado, senti-me desanimado com a grave crise por que passa o país, sem similar em nossa história. Os discursos do criador e da sua criatura, bem como a tímida contribuição da oposição diante da crise, me fazem sentir saudades de outros tempos.
Já no último domingo, porém, os artigos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do jornalista e ex-deputado federal Fernando Gabeira me fizeram novamente vivenciar o sopro benfazejo da inteligência.
Os dois Fernandos reacenderam em mim a surrada esperança. O primeiro, no artigo “A responsabilidade das oposições”, em “O Globo”, ofereceu ao PSDB em especial, em poucas linhas, um verdadeiro plano de governo. O que escreveu precisa ser lido e refletido pelos que, na oposição, desejam de fato o bem do país.
O artigo de Fernando Gabeira, no mesmo jornal e no mesmo dia (“O passado como esconderijo”), exige de mim a transcrição de tópicos referentes à declaração da presidente Dilma sobre a delação premiada: “Considero uma farsa”, escreveu Gabeira, “comparar um empresário que enriquece com a Petrobras com os militantes que deserdaram da luta armada. Como comparar um sonho, ainda que equivocado, de transformação social com o propósito puro e simples de roubar a maior empresa estatal?”.
Naquela época, continua Gabeira, “ninguém enriqueceu. Pelo contrário: os que não aderiram ao poder tinham grandes dificuldades, como todos os brasileiros. Na versão atual, mistificadores escondem-se atrás do próprio passado. Mesmo quando arruínam o país, querem passar por incompreendidos salvadores”.
A patética entrevista que a presidente Dilma concedeu anteontem à “Folha de S.Paulo” despertou em mim, além do sentimento de compaixão, estas despretensiosas perguntas: por que nossos políticos, com Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva à frente, não se juntam para dar um jeito neste país? Estão à espera de quê?
É justo o sacrifício de milhões em nome da vaidade ou da esperteza?
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