Desenhemos na prancheta do técnico! Meu time, o Flamengo, tomou do Corinthians do $talinácio o atacante Guerreiro - que tem um histórico de eficiência em fazer gols. O problema é que o rubro-negro tem uma deficiência tática crônica: o meio campo não funciona corretamente, e não faz a bola chegar ao artilheiro que deve cumprir a missão precípua de meter bola na rede. Além do problema de fragilidade psicológica do time, que não consegue segurar um placar favorável e se desespera facilmente quando o quadro é desfavorável, o clube padece do mesmo problema estrutural de tantos outros no decadente futebol brasileiro: seus dirigentes têm visão rentista, dando mais importância ao equilíbrio de caixa que aos resultados positivos concretos que a equipe precisa ter até para se sustentar suas finanças.
O desgoverno federal, e maioria esmagadora dos estados e municípios, apresentam a mesma deficiência estrutural daquela que é considerada a "Nação Rubro-Negra". O Capimunismo, combinado com a visão pragmático rentista que exige resultados no curto prazo, senão não presta, está inviabilizando o Brasil. Não é possível que nossos "treinadores" não percebam o suicídio tático de continuar fingindo acreditar que tenha chances de se desenvolver um País com juros estratosféricos, noventa e tantos "impostos" elevadíssimos e tanta corrupção institucionalizada. Marcamos um gol contra por segundo na gestão da coisa pública. Os negócios privados ficam reféns do mesmo esquema que tudo depende do poder estatal.
Pela mesma ótica ludopédica de análise, tem algo muito errado na estratégia e na tática dos movimentos que tentam se organizar para promover grandes protestos contra o desgoverno, pelos mais variados objetivos e fins. Alguns aparentemente parecem legítimos e outros claramente se comportam como oportunistas e sem legitimidade democrática. O que mais chama atenção é que todos eles carecem hoje de propostas concretas para sensibilizar e mobilizar o povo para as mudanças estruturais que o Brasil precisa, mas vive adiando. A pergunta mais comum é: "O que fazer?".
O líder da revolução russa Vladimir Lênin escreveu um livro sobre o assunto. Independentemente da ideologia, a obra pode ser muito útil para brasileiros perdidos na hora de mexer com a massa ignara - que não está a fim de nada, ou até tem boa intenção, mas não consegue traçar objetivos e metas bem claras e possíveis de serem cumpridas, em favor da Pátria (que não é aquela de chuteiras - muito bem explorada economicamente pelas as empresas CBF e Globo). Frases soltas de Lênin rendem excelentes reflexões. Afinal, foi ele quem disse: "Ideias são mais letais que as armas"
O pragmatismo de Lênin é objetivo: "Toda cozinheira deve aprender a governar o Estado". Lênin definiu: "O Estado é a organização especial de um poder: é a organização da violência". Lênin acrescentou: "Salvo o poder, tudo é ilusão". Lênin conceituou: "Ditadura é o poder baseado diretamente na força e irreprimido por quaisquer leis". Lênin também constatou: "O crime é produto dos excessos sociais". Lênin salientou: "Muitas vezes, é verdade, que, em política, você aprende com o inimigo". Lênin proclamou: "A morte de uma organização acontece quando os de baixo já não querem e os de cima já não podem". O mesmo Lênin observou: "Um imbecil pode, por si só, levantar dez vezes mais problemas que dez sábios juntos não conseguiriam resolver".
Um dos conselhos úteis de Lênin trata da relação entre o sonho das pessoas e o mundo real: "É preciso sonhar, mas com a condição de crer em nosso sonho, de observar com atenção a vida real, de confrontar a observação com o nosso sonho, de realizar escrupulosamente nossas fantasias. Sonhos, acredite neles"... Tanto é assim que Lênin também filosofou sobre o tempo real: "Há décadas em que nada acontece e há semanas em que décadas acontecem". E Lênin, grande frasista, tem outra muito útil aos brasileiros no momento presente: "Se você não é parte da solução, você é parte do problema".
Divertindo-me com tais frases soltas, juntadas em um texto de forma cinicamente maniqueísta, chego a conclusão que Lênin daria um belo treinador para o Flamengo. Infelizmente, não dá para dizer o mesmo do companheiro $talinácio ou da torcedora Dilma - mais "prestigiada" que técnico de time que não para de perder de goleada... Ou mais "prestigiada" que dirigente da Fifa no torneio de futebol do FBI...
Partindo dos entretantos para os finalmentes, como proclamaria o Presidente Odorico, o Brasil carece de uma Elite Moral que consiga definir rumos estratégicos para o País, obtendo o milagre comunicacional de conseguir convencer os "jogadores da nação" da estratégia e da tática correta para virar nosso jogo - há muito tempo em permanente derrota política, econômica e, pior ainda, cultural e civilizatória.
Não precisamos estudar na escolinha de futebol do professor Lênin... Mas não podemos continuar sob risco de sermos treinados por falsos mitos de visão egoísta como o treinador $talinácio. Da mesma forma, não podemos esperar que, milagrosamente, o time das Forças Armadas entre em campo para salvar um jogo que é perdido pela incapacidade de cada jogador brasileiro - que ignora ser a gestão de uma nação uma obra coletiva.
Enfim, não adianta achar que tudo no Brasil se resolverá com jogadas mágicas de uma partida de futebol. Impeachment, intervenção constitucional, renúncia ou derrubada do governo por outro fim, combate inocente à corrupção sistêmica... Tudo parece distante do cenário real previsível.
Precisamos, de verdade, criar as pré-condições históricas para a mudança. Isto dá trabalho, consome tempo, neurônio e dinheiro. Exige debate sincero, sem paixões ideológicas - que mais parecem manifestação de torcida de futebol. Tal trabalho tem de começar ontem, para que o hoje chegue até amanhã. A militância cidadã vai exigir, antes, que cada indivíduo cuidem bem da própria vida e da família, para não terminar morto em campo...
O jogo é jogado... E não é para principiantes nem amadores... Amador que deu certo só o Aguiar, do Bradesco... No entanto, se ninguém se precipar, nada vai acontecer...
Por isso, a dica aos organizadores de movimentos de rua e aos ativistas da internet é que desenvolvam, imediatamente, a capacidade de produzir soluções que as pessoas comuns entendam e constatem que têm capacidade real de, no mínimo, ajudar a realizar.
Se não for assim, manifestações públicas (na rua ou nas redes sociais) serão completamente inúteis. Nem adianta se matricular na escolinha do professor Lênin que o time continuará perdendo... E tomem cuidado com oportunistas, empresariais ou politiqueiros, que tentam se aproveitar da boa vontade e do voluntarismo das pessoas, principalmente as mais jovens...
Vamos sair do negativo e virar o jogo... Soluções, já! Ou, então, seremos o problema...
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