Estou convencido de que sou superior a esta manada de babacas, burgueses, alienados, como, por exemplo, aquela marcha de 2013, inventada pela CIA e adotada pela ‘elite branca’ que não suporta que os pobres andem de avião.
Ah, que saudades da republica soviética, quando tudo marchava sob a batuta de Stalin com a produção industrial imensa. Claro que precisava mão de ferro para conseguir isso, e nosso guia o fez. É verdade que muitos reacionários resistiram, como os ‘kulaks’, os camponeses fascistas e sabotadores que queriam impedir a agricultura coletiva. Camponeses reacionários tinham de sumir. Teve de matar uns 20 milhões de ‘alienados’, mas era para o bem... E falam em massacre, violências e outras mumunhas, mas, como disse o traidor Trotsky: ‘Quem foi que disse que a vida humana é sagrada?’. Esta foi a sua única grande frase. O resto é lixo, que nosso Stalin raspou da terra, com a mão sagrada do vingador Ramon Mercader, no México onde Trotsky se gabava de comer a Frida Kahlo. Foi uma bela machadada naquele agente do fascismo.
Agora, vamos combinar que o grande culpado de toda essa provocação que vemos hoje é um nome só: Nikita Kruschev, canalha revisionista que denunciou o que ele chamou de ‘crimes de Stalin’. Foi ali que começou nossa desgraça, piorada pelo maior cão imperialista da CIA: o Gorbachov... Que ‘glasnost’ ou ‘perestroika’ porra nenhuma, aquilo foi uma missão da burguesia internacional. Ainda bem que o grande Putin da KGB está botando a Rússia nos eixos de sua antiga grandeza. Como me alegrei quando Mao Tse Tung proibiu Beethoven na ‘revolução cultural’, declarando: ‘Temos de raspar tudo que a burguesia inventou e começar de novo’.
Ainda bem que o companheiro Osama usou armas dos capitalistas contra eles mesmos... Ah, a beleza das torres caindo em Nova York! Inesquecível.
A única coisa que importa é o controle da sociedade. Temos de tutelá-la. O povo deve ser educado com o mesmo cuidado com que um jardineiro cultiva um pé de alface. Por isso, sabem os militantes como eu, que o Estado tem de ser o centro do amor ao povo que de nada sabe, por isso é belo ver como infiltramos nossos homens no Estado brasileiro. Dizem que são aparelhados, pois são, sim, deles depende nossa marcha para a vitória que almejamos. Muita vezes somos duros, sim, cruéis até, mas não ligamos, porque, como disse nosso grande líder: ‘Compaixão é um sentimento de enfermeiras, assim como a gratidão é uma doença de cachorros’. Aliás, este lero-lero de defender a democracia é só enganação. Democracia é o cacete! Usamos muito essa palavra para disfarçar e atingir nossos planos de, por exemplo, controlar essa mídia reacionária, encanar opositores, assim como nos ensina o grande sucessor de Chavez, dando uma porrada nos senadores de direita que outro dia quiseram invadir a Venezuela, vanguardeira da América Latina. E falam em direitos humanos... Idiotas. Não sabem que o homem novo que estamos forjando não sente falta da individualidade perdida. Eu conheço a beleza, o encanto infinito da servidão, a alegria de pertencer a um partido infalível. Dá um imenso alívio não ter que pensar, só obedecer.
O comunismo, camarada, é o substituto do sonho de ‘imortalidade’ dos cristãos. Comunista não morre; vira um conceito. O homem é um ser social, não é? Pois é – o ser social nunca morre. O indivíduo é uma ilusão que criou essa dor melodramática. Quem morre é pequeno-burguês. Aliás, esses sentimentos burgueses: angústia, medo, fobias, solidão, amor, paixão são bobagens psicológicas de direita que nada explicam dos homens. A verdade revolucionária está nos termos: sectarismo, alienação, aventureirismo, traição, massa atrasada e massa adiantada, revisionismo. Os operários não têm pátria. A nossa revolução é a locomotiva da história. Vamos beijar os seios nus da liberdade e tingir de sangue os lençóis dos traidores neoliberais.
Já antevejo nosso paraíso brasileiro no socialismo do século XXI:
Os grandes festivais de balalaikas russas e de pachangas cubanas, os lindos cantos de hinos sertanejos do MST, todos uniformizados em terninhos vermelhos e enxadas erguidas contra os fascistas da agro-indústria, a paz da ignorância, a visita ao campo dos refugiados burgueses obrigados a cantar a ‘Internacional’ na colheita da soja.
E há o grande, imponente monumento do Homem Novo, uma cópia do ‘David’ de Michelangelo com grande bandeira vermelha, hasteada em seu pênis revolucionário.
E finalmente a visita ao Museu Lula, onde está seu corpo embalsamado para toda a eternidade.”
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