Nas últimas semanas, aumentou a contestação ao governo Dilma Rousseff por parte de lideranças do PT, o que deve acirrar os debates no quinto congresso da legenda, a ser realizado entre 11 e 13 de junho, em Salvador (BA).
Considerado nome preferencial do partido na disputa presidencial de 2018, Lula criou um “Conselhão”, integrado por Alexandre Padilha, Antonio Palocci e Fernando Haddad, entre outros, para debater temas da agenda política.
Integrante da Mensagem do Partido, corrente de oposição a Construindo um Novo Brasil (CNB), o ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro mudou-se para o Rio. Ele critica o ajuste fiscal e defende a formação de uma “nova frente de esquerda” visando às próximas eleições.
O plano de Tarso é afastar o PT dos peemedebistas do Rio de Janeiro, estado em que o aliado tem criado mais problemas ao governo no Congresso. Mesmo que não tenha força para inviabilizar a dobradinha dos dois partidos em 2016, o ex-governador conseguiu dar amplitude nacional à bandeira de contestação ao partido do governador Pezão e do prefeito Eduardo Paes.
No congresso do PT, temas como a aliança com o PMDB e o ajuste fiscal prometem acirrar o debate interno. Um exemplo disso tem sido observado nas votações das MPs do ajuste, durante as quais importantes lideranças petistas têm criticado o pacote, chegando inclusive a divulgar um manifesto cobrando mudanças na política econômica.
Na pauta da reunião em Salvador, a discussão de novas formas de eleição de sua direção dará a Tarso a oportunidade de angariar apoios à tentativa de contestar o domínio exercido pela CNB. Não deve dar certo. Mas o partido deverá sair dividido.
O movimento de Tarso Genro e a rebeldia de senadores do partido, como Paulo Paim e Lindberg Farias, colocam a possibilidade de um racha no partido no horizonte. Marta Suplicy já saiu. Outros podem seguir o mesmo rumo.
O sucesso do PT existiu quando ele conseguiu liderar uma ampla coalizão de centro-esquerda e centro-direita em favor da governabilidade. Foi a fórmula do sucesso que é rejeitada agora em favor de uma tática de confronto. A tolerância de agregar postos e a habilidade de construir consensos foi o grande trunfo do passado.
Agora, em meio as dilemas da governabilidade, setores do partido atacam moinhos de vento e apontam conspirações imaginárias. Não fazem a devida crítica dos erros cometidos. Ao comprar briga com a “direita”, o partido fica mais isolado e afastado da parcela do eleitorado que votou com o PT nas últimas eleições, mas não é identificada como “petista de carteirinha”.
O certo em meio ao mar de dilemas é o fato de que o partido vive um longo inferno astral que não tem fim. Outra certeza é a de que as respostas aos desafios do momento dividem mais do que agregam e quase nunca convencem além dos arraiais partidários. O partido vive um grave processo de auto-engano.
Mais do que nunca o PT precisa da união de seus membros em torno do governo. Não é o que parece que vai acontecer. Precisaria também ter elevadas doses de autocrítica. Tampouco parece que irá acontecer. Dois graves equívocos que podem ameaçar o futuro do partido.
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