O que se viu no sul do Brasil nessa tragédia mostra isso. São milhares de animais nos abrigos, resgatados pelos humanos no meio das águas. Alguns já estavam por conta própria, outros acabaram ficando diante do que se abateu sobre o estado. A prefeitura diz que está tomando providências. Mais um exemplo de que eles dependem da gente. Esperam que também estejam fazendo pelos humanos abandonados e sem teto que surgiram depois do desastre.
Numa situação dessas, o que mais se vê é gente ou animal precisando de ajuda. No Rio de Janeiro, vários animais foram envenenados nas ruas da Barra da Tijuca, vítimas de veneno colocado nos canteiros, voluntariamente ou não. Alguns morreram e outros estão internados tentando se safar da situação.
O ator Cauã Reymond teve um cachorro morto e outro que se recupera, parece. Sendo uma atitude voluntária de envenenamento, mostra o ponto em que chegamos de perda total dos valores mínimos de civilidade. Vemos isso na morte de mendigos que dormem ao relento, no ataque a indígenas, gays, mulheres, negros e necessitados. O ser humano que produz esse tipo de violência é o resultado de uma transformação que vem acontecendo no mundo, que não prevê a existência de necessitados, sejam eles humanos ou não. Não existe projeto de construção. Existe uma destruição generalizada, uma sanha assassina que quer arrasar tudo que encontra pelo caminho. Animais domésticos fazem parte de uma relação de amor que mal ou bem estabelecemos.
O ser humano precisa disso. Alguns seres humanos, pelo menos. Esse amor trocado é a base que sustenta as relações nesse mundo louco de grandes destruições. Nas guerras, morrem todos, humanos ou não. Na violência urbana, também. Daqui a pouco, não sobrará nada que transmita um afeto ou um carinho. Cabe a nós defender essa troca para que possamos, lá na frente, nos sentir atingidos por algo que não mate, que nos traga vida e amor. Parece bobagem, mas é fundamental. Precisamos nos ligar nisso com o humano ou animal mais próximo de nós.
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