Em 1976, um terremoto atingiu o Friul, no nordeste da Itália. Quatro anos depois, foi a vez do distrito de Irpinia, no sul do país, ser afetado por um sismo comparável. Os efeitos imediatos foram arrasadores em escala local, mas pouco significativos no plano nacional, o que permitiu aos autores criar controles para comparar o desempenho de cada uma das áreas com o que teria acontecido caso não tivessem sofrido os tremores.
A hipótese de Barone e Mocetti é que a recuperação seria afetada pela qualidade das instituições políticas e o nível de participação da sociedade civil. Eles mediram isso através de indicadores como processos por corrupção, comparecimento eleitoral e leitura de jornais.
A devastação inicial costuma ser reduzida ou até neutralizada pela ajuda financeira. Depois, se tudo funciona direitinho, a boa alocação dos recursos na reconstrução melhora a infraestrutura, o que leva a um aumento da produtividade. Se as instituições são ruins e a vigilância é baixa, o dinheiro vai para a corrupção ou é gasto em projetos que não ampliam o PIB potencial. Desanimados, moradores podem deixar a região.
Os resultados da dupla são de encher os olhos de economistas institucionalistas. Vinte anos após o sismo, o PIB per capita do Friul, que tinha instituições melhores que a média da Itália, apresentava crescimento de 23% em relação ao controle. Já em Irpinia, de baixa institucionalidade, houve queda de 12%. Mais surpreendente, os desastres parecem ter levado a uma melhora dos indicadores institucionais no Friul e a uma piora em Irpinia.
Os próximos anos dirão se o RS está mais para Friul ou para Irpinia.
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