quarta-feira, 23 de março de 2022

Ouro da Educação reluz como o de Moscou para reeleger Bolsonaro

Deu em alguma coisa o caso da rachadinha da primeira família presidencial do Brasil? Ficar com parte do salário de funcionários fantasmas ou na ativa foi recurso usado por Bolsonaro e pelo menos por dois dos seus filhos para enriquecerem.

Deu em alguma coisa a denúncia pelo Ministério Público do ex-ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antônio sob a acusação de envolvimento com candidaturas de araque do PSL? Marcelo foi um dos que socorreram Bolsonaro depois da facada.

E a revelação de irregularidades num contrato de R$ 1,61 bilhão, destinado à compra da vacina indiana Covaxin contra a Covid-19, deu em alguma coisa? O caso envolveu militares empregados no Ministério da Saúde. Bolsonaro soube antes e fechou os olhos.

Por que dará em alguma coisa o escândalo do momento estrelado por pastores evangélicos, o ministro da Educação e o próprio Bolsonaro? A pedido de Bolsonaro, segundo o ministro, os pastores intermediaram a liberação de verbas públicas.


No Palácio do Planalto funciona o Gabinete do Ódio, estrutura paralela de poder que fabrica notícias falsas e cuida da imagem do presidente; sua face mais conhecida é a do vereador Carlos Bolsonaro, o Zero Dois, que fala pelo pai e o pai por ele.

No Ministério da Saúde, à época do general Eduardo (“Manda quem pode, obedece quem tem juízo”) Pazuello, funcionou o Gabinete dos Pequenos e Grandes Negócios, estrutura igualmente paralela. O general será candidato a deputado federal pelo Rio.

Dos governos do PT, diz-se que aparelharam a máquina do Estado – daí o mensalão e o petrolão, por exemplo. Não é o que fizeram Bolsonaro e sua gangue nos últimos três anos? Com a diferença de que o PT foi punido, Bolsonaro e sua gangue estão a salvo.

Com a diferença também que nunca antes na história do Brasil o aparelhamento da máquina do Estado promovido por um presidente foi tão gigantesca como é agora. Se Bolsonaro aprendeu alguma coisa com o PT, o PT teria muito mais a aprender com ele.

Os órgãos de controle do Estado viraram puxadinhos do Palácio do Planalto onde Bolsonaro despacha – Procuradoria Geral da República, Advocacia Geral da União, Ministério da Justiça, Tribunal de Contas da União, Polícia Federal.

Na Agência Brasileira de Inteligência, encarregada da espionagem oficial e clandestina, Bolsonaro pôs um delegado que cuidou da sua e da segurança pessoal dos seus familiares depois da facada. Quis pô-lo no comando da Polícia Federal, mas foi barrado pela Justiça.

O que aconteceu no Ministério da Educação configura crimes de improbidade administrativa e tráfico de influência; eles carregam as digitais do ministro pastor e do presidente da República que, ontem, voltou a dizer que seu governo não é corrupto. Só é.

Por muito, muito, muito menos, com base na gravação truncada de uma conversa, o então presidente Michel Temer foi denunciado duas vezes pela Procuradoria Geral da República. Escapou de ser cassado graças ao Centrão, mas não de ser preso mais tarde.

O Centrão está aí para salvar Bolsonaro se fosse preciso, mas não será; ele apenas cobrará mais caro para continuar apoiando-o. O Orçamento Secreto existe para isso. A sociedade civil inerte, e a militar cooptada, fazem o resto.

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