domingo, 30 de janeiro de 2022

Religiões e políticas criminosas

À meditação dos crentes de todas as religiões, incluindo os crentes de todas as utopias políticas. Como dizia Bertrand Russell, morrer por uma crença é um disparate, porque essa crença pode muito bem não ter fundamento. Se morrer por uma crença é idiota, matar por ela é um crime sem redenção, além de ser também uma refinada idiotice. 

As religiões e as utopias políticas, isto é, o domínio do inverificável, têm cometido, ao longo da história, este crime, em gigantesca escala. E nunca faltam eruditos, muito amantes da humanidade, a justificá-lo. A pior forma do assassinato é o assassinato, de boa consciência. O assassinato promovido por religiões e utopias políticas é um assassinato desta natureza. Quanto menos argumentos existem a favor de uma crença ou utopia, mais violentamente se tenta impô-la. 

À direita e à esquerda, o século XX documentou-o, de maneira singularmente sinistra. A intensidade e sinceridade com que se acredita não é indício de nada a não ser dessa intensidade e dessa sinceridade, nunca da validade daquilo em que se acredita.
Eugénio Lisboa

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