Os autores recorrem à máxima de José Bonifácio: “O problema no Brasil é que o real é maior do que o possível”. É exatamente o que a história contemporânea oferece ao Brasil: a oportunidade de dar sentido a uma Nação e não apenas redirecionar o modelo econômico.
Daí a definição de “Paraíso Restaurável” que deve ser tomada neste sentido estratégico. Paraíso sem conotações míticas ou visões edênicas. Neste sentido, Sérgio Buarque de Holanda, em “Visão do Paraiso”, publicado em 1959, reeditado e ampliado em novembro de 1968, se aprofunda na cultura das “mentalidades” hispânicas e, especialmente, lusitanas quando se deparam com a abundância da natureza tropical.
A crença mitológica do “paraíso na terra” animava o impulso dos descobrimentos. A descrição do Éden permeava crônicas e cartas sobre os bons ares do Brasil, culminando com conclusão antológica: “se houvesse paraíso na terra eu diria que agora o havia no Brasil’.
O ímpeto colonizador e a ocupação territorial do Brasil obedeceram a ciclos de prosperidade que geraram um passivo ambiental que, globalmente, ameaça a existência da humanidade.
Outro aspecto positivo: a obra não se resume a relato histórico ou narrativa sobre a evolução das fontes renováveis de energia. É uma possibilidade real, capaz “não apenas de fazer a nação se integrar no mundo futuro da energia renovável, mas de liderar essa transformação no intervalo de décadas que o restante do mundo vai levar para chegar aonde o Brasil já está”.
A oportunidade fortalece o esforço de recuperação pós-pandemia: o novo pacto global verde e distributivista. E o governo negacionista? David Quammen, autor de “Spillover: infecções animais e a próxima pandemia humana”, responde”: “Nós provocamos disrupção em ecossistemas; nós movimentamos vírus para além de seus hospedeiros animais. Eles têm necessidade de um novo hospedeiro. Muitas vezes somos nós”.
Agora, o tema volta à agenda global com força. A vitória de Joe Biden e a fixação de 2060 definido pela China para interrupção das emissões de carbono confirmam que a questão ambiental não permite espaço para segregação e, sim, para cooperação.
No Brasil, há base cultural e ampla mobilização social com forças capazes de viabilizar o projeto de um Paraíso Restaurável e para os autores: “Com o governo é bom, mas também dá para mudar sem ele – e esse é o verdadeiro padrão de mudança”.
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