terça-feira, 12 de maio de 2020

Goebbels, de novo

Há quatro meses, o então Secretário de Cultura do Capitão Bolsonaro, Roberto Alvim, chocou o Brasil com um video em que repetia frases e cenários do satânico ministro da propaganda nazista, Joseph Goebbels. Caiu. Não porque imitou Goebbels. Porque o Capitão não gostava dele. Para o seu lugar, Bolsonaro acertou a mão de novo. Nomeou outra ardente defensora de suas idéias fascistas.

Em lunática e reveladora entrevista à CNN Brasil, Regina Duarte mostrou sua face nefanda, de terror, de deboche pelas vitimas da ditadura, de desprezo por mortos pela pandemia. Não superou o chefe. Chegou perto. Bolsonaro, na intrinseca maldade de sua alma (se é que tem uma) nem defendeu a secretária.

A atriz mergulhou sozinha no mar pútrido de declarações ofensivas à humanidade. O Brasil, onde mais de 12 mil pessoas sucumbiram ao vírus maldito, ouviu a atriz dizer que "a Covid está trazendo uma morbidez insuportável". Regina não é idiota, embora pareça. Como não trazer sombra se todos os dias carregamos córdeis de caixões?


Deslumbradíssima pelo cargo sem poder, sem recursos, sem caneta, sem prestigio, a que se diz Secretária de Cultura contou que não conhecia Aldir Blanc. Não mereceu conhecer. Merece a função que tem. Marchar ao lado de um mentor da ditadura e da tortura cai bem no papel de quem foi a "namoradinha do Brasil" no período mais sangrento de nossa história.

Alienada? Não. Regina sabe o que diz e diz o que pensa. Burra. Fraca. Despreparada. Medíocre. Incompetente. Não faltaram adjetivos nas redes sociais, na reação de artistas renomados. Apontaram nela o "sorriso falso e jocoso, de fantoche e escrava de Bolsonaro", escreveu Fábio Assunção. Mais de 500 artistas lançaram abaixo-assinado repudiando as declarações de cunho nazista.

Não à toa, Goebbels, de novo. Não à toa, lembrei de Lida Baarova, talentosa atriz, de beleza estonteante (não é o caso de Regina, por favor). Aos 20 anos, em 1934, trocou Praga, onde nasceu, por Berlim, e foi sucesso de público e critica logo no primeiro longa alemão. Casou-se com seu parceiro de tela, o ator Gustav Fröhlich, e mudou-se com ele para os arredores de Berlim.

E quem era um dos vizinhos de Lida? Goebbels. O super poderoso ministro nazista, que controlava com mão de ferro toda o setor cultural alemão. Cinema, inclusive. Lida apaixonou-se por aquele homem feio, grosseiro, mas poderoso. O caso se tornou público.

A mulher traida de Goebbels foi a Hitler. Furioso, o ditador genocida exigiu o fim do relacionamento. Acabou ali a carreira de Lida Baarova na Alemanha. Com o fim do regime nazista, foi presa pelos aliados sob acusação de traição. Sua mãe morreu durante interrogatório, sua irmã suicidou-se. Lida morreu na pobreza e no ostracismo, aos 86 anos em Salzburg, em 2000.

A história de Lida é emblemática, arquétipo dos dias de hoje. É prudente que essa gente desprezível que habita "por enquanto" os palácios de Brasilia, na companhia indigna de Regina Duarte, nunca se esqueça: entre o céu e o inferno, a distância é muito curta.

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