Depois de abrir uma crise com o seu partido, Bolsonaro esclarece que não deseja controlar a legenda. Quer apenas transparência. Segundo ele, "o partido está com a oportunidade de se unir na transparência". Diz Bolsonaro: "Vamos mostrar as contas. [...] O dinheiro é público. São R$ 8 milhões (do fundo partidário) por mês." Graças a Bolsonaro, o brasileiro descobriu que o imenso telhado de vidro é o melhor posto de observação para acompanhar a briga interna do PSL. É dali que o país assiste há uma semana ao strip-tease da virtude.
Os próprios correligionários cuidaram de lembrar a Bolsonaro que, antes de exibir transparência do partido, ele precisa levantar o tapete que esconde o enrosco do primogênito Flávio Bolsonaro, o cheque que caiu na conta da primeira-dama Michelle, o empréstimo mal explicado do próprio Bolsonaro para correntista atípico Fabrício Queiroz e os interesses que levam o presidente a contemporizar com o laranjal do ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antônio.
Num ambiente assim, ao insinuar que a crise é coisa da imprensa, que só enxerga "coisa ruim", Bolsonaro transforma a política num outro ramo do humorismo. Por sorte, quem observa com atenção a gincana de lama que se desenrola no PSL percebe que o presidente não tem apenas o telhado de vidro. O paletó, a camisa e a calça também são feitas de vidro. O mais curioso é que são os próprios correligionários de Bolsonaro, não os oposicionistas, que avisam ao país que o rei está nu.
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