quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Ainda ha civilidade... lá fora

Debaixo de tanto balde de lama e sangue do noticiário brasileiro, há que se recorrer às mídias pelo mundo para descobrir que a civilidade não morreu.

E nessa procura surge a preciosidade de uma grande lição de respeito à cidadania com o terceiro ano do programa “Escritores no Palácio de Belém”, promovido pelo governo português com apresentação e a presença do presidente Marcelo Rebelo de Sousa e alunos do ensino básico. Encontro de pasmar os basbaques tapajaras de cá.

Quando se imaginar algo com mera semelhança no Planalto com seus salões sempre assaltados por manifestações governamentais entulhadas de politicagem? Não dá para sonhar com apresentação desse tipo de um presidente brasileiro. Nos últimos anos, então, sequer consegue entrar nos neurônios presidenciais de ontem e hoje ideia tão estapafúrdia. Afinal, presidente é para receber na calada da noite nos porões ou confabular bem escondidinho, ou em hangares, com a pilantragem. Também presidente daqui sequer abre Feira de Livro, alguns mesmo sequer abrem um livro! Sem falar que cultura para eles é apenas espetáculo com a caterva artístico-partidária cantando aplausos à inteligência alheia.

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Aqui está tudo dominado em nossos espaços palacianos. Por isso a apresentação da semana no Palácio de Belém nos lava a alma de ver que a civilidade ainda existe e um presidente pode ajudar a um escritor como António Lobos Antunes a tirar o pesado casacão de frio com a dignidade que aqui já fugiu há muito.

Um gesto de delicadeza que nos faz lastimar a mediocridade em que o país chafurda.

Luiz Gadelha

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